Manaus (AE) – As conseqüências das chuvas nas cabeceiras dos rios da Amazônia, que começaram no início de outubro, estão aparecendo. O nível do Rio Negro parou de descer desde a manhã de ontem (25) e o do Rio Solimões está subindo em média 20 centímetros por dia desde 22 de outubro. A informação é do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que mantém réguas de cimento para medição dos rios em 302 pontos na Amazônia Ocidental.

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Não se pode prever que o ritmo do aumento do nível das águas continue o mesmo, esclarece o supervisor de Hidrologia do CPRM, Daniel Oliveira. Mas, segundo as previsões do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), a estimativa é que no fim de novembro os lagos e rios já estejam novamente cheios.

No Porto de Manaus, de acordo com Oliveira, há dois dias o rio Negro está com 14,75 metros, mostra a régua instalada no local desde 1902. Desde setembro, a redução diária vinha sendo de dois a oito centímetros."Se parar por aí, será a sétima maior seca dos últimos 103 anos, pela medição da régua do rio Negro, a mais antiga do Amazonas", contou. A maior seca dos últimos 103 anos foi em 1963, quando a régua marcou 13,64 metros e a segunda maior em 1945.

A medição no Rio Solimões é em Tabatinga, a 1.105 quilômetros de Manaus em linha reta e foi instalada em 1982. Naquele rio, a maior seca medida foi em 1998, com 2,8 metros. A leitura feita na manhã da terça-feira era de 3,8 metros e a de hoje foi 4,13 metros. Daniel Oliveira esclareceu que a medição não é baseada no nível do mar. "As réguas são construídas em um certo nível, a alguns metros do fundo dos rios e, dali, é medido o quanto desce ou sobe diariamente", explicou.

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Peixes – A secretaria estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS) prepara um seminário em que especialistas vão discutir alternativas para repovoar os lagos e rios – a mortandade de peixes foi principalmente em lagos e igarapés – e avaliar as conseqüências da estiagem na floresta amazônica. Será no dia primeiro de novembro.

Uma alternativa é repovoar com peixes de cativeiro e outra, que diz respeito aos pescadores, é ampliar por mais um mês (são quatro) o período de seguro-defeso. O seguro beneficia cerca de 14 mil pescadores no Amazonas. Amanhã (27), o ministro da Aqüicultura, José Fritsch, estará em Manaus onde deve anunciar que o pagamento pendente do seguro para 4 mil pescadores deverá ser liberado imediatamente.

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Segundo a Federação dos Pescadores do Estado do Amazonas (Fepesca) estima-se que mais de mil toneladas de peixes mortos já foram retiradas dos rios do Amazonas.