Rio de Janeiro – Mais de 2 mil pessoas participaram neste domingo (3), Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, da Caminhada pela Acessibilidade, organizada pelo Ministério da Saúde, pelo Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência e pela organização não-governamental Força do Bem.
Artistas, representantes da sociedade civil organizada e portadores de deficiência de vários municípios fluminenses, acompanhados de familiares, percorreram cerca de 5 quilômetros na Praia de Copacabana, carregando faixas e cartazes em defesa do acesso à educação, ao transporte, ao trabalho e ao lazer.
A presidente do Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro, Leila Cerqueira, destacou a importância do foco na acessibilidade. ?As pessoas com deficiência saíram de um tempo de segregação, primeiro pela família e depois pelas instituições que as abrigavam, para esse mundo da acessibilidade que agora está se descortinando, que nada mais é do que ter acesso às políticas públicas?, disse.
Segundo Cerqueira, apesar do avanço na legislação, falta a efetivação das políticas: ?Nós temos uma legislação que garante à pessoa com deficiência o acesso ao mercado de trabalho, mas para isso ela precisa estar qualificada e o que ocorre é que ela tem barreiras. As escolas não estão preparadas para receber os deficientes físicos, há barreiras arquitetônicas; os deficientes auditivos não têm intérpretes na sala de aula, falta o acesso à educação inclusiva?.
Ela também apontou a barreira do transporte coletivo: "Uma pessoa com deficiência física não tem acesso ao transporte e, com isso, não chega à escola. E quando chega, a escola não está adaptada. É preciso entender que essas pessoas podem produzir como qualquer outra, mas a sociedade é que não está adaptada para recebê-las".
De acordo Sheila Miranda, coordenadora da área técnica de Saúde da Pessoa com Deficiência do Ministério da Saúde, o objetivo da mobilização foi sensibilizar a população e os governantes sobre a importância da inserção em todos os contextos sociais. "Todas as pessoas com deficiência têm o direito a pertencer à sociedade, uma vez que a sociedade se organize para isso?, afirmou.
Solane Carvalho, que teve paralisia infantil e hoje preside, no Rio, a Associação Brasileira de Síndrome Pós-Poliomielite, citou também o problema do transporte para pessoas com deficiência: ?Eu tenho 43 anos e andei pouquíssimas vezes de ônibus na minha vida, porque eu não consigo entrar num ônibus. E essa é realidade de milhares de brasileiros?. Ela acrescentou: ?Se não nos oferecerem condições de efetivamente ingressar na sociedade, nós não teremos acesso à saúde, à educação, ao trabalho, ao lazer, a nada. Na verdade, não existe cidadania sem acessibilidade?.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14,5% da população brasileira ? cerca de 25 milhões de pessoas ? têm alguma deficiência, incluindo incapacidades mentais, auditivas, visuais ou de locomoção.
