Pela segunda vez nos 83 anos de história da Interpol, o Brasil vai ser a sede da  sua reunião anual mais importante ? a Assembléia Geral, encontro entre os delegados dos países membros da instituição, onde são decididas questões sobre política geral, assuntos econômicos e métodos de trabalho, que irão nortear a atuação dos delegados para o ano de  2007 e definir as prioridades até 2009.

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Com a presença de representantes da maioria dos 184 países-membros (os números mudam diariamente, mas já está confirmada, até ontem, 4/09, a participação de 551 delegados de 118 países e 13 membros do comitê-executivo), assuntos como: o combate ao avanço dos crimes cibernéticos, crimes financeiros, tráfico de drogas pela internet, tráfico de seres humanos, pedofilia, combate à corrupção, ao crime organizado e ao terrorismo estarão em discussão nas plenárias do Forte de Copacabana, entre os dias 19 e 22 de setembro. Será a oportunidade também para que os delegados se atualizem sobre os avanços dos bancos de dados da Interpol, um arquivo que conta atualmente com 600 milhões de documentos, como  sistemas de identificação de DNA, de cartões de crédito e passaportes falsificados, e ainda bancos de imagens como o de crianças submetidas a abuso sexual, que ajudam a rastrear a autoria e origem das imagens.   

A sugestão de realizar o encontro anual da Interpol no Rio de janeiro foi aprovada pelos delegados em 2004 e há um ano a Polícia Federal Brasileira, que integra a organização, vem se preparando para este evento. Duzentos homens da Polícia Federal já estão no Rio de Janeiro, mapeando os pontos críticos que possam causar qualquer tipo de distúrbio para os convidados e a população. Só neste trabalho, 642 ?zonas de criminalidade? foram identificadas, e o controle de pessoas suspeitas e a difusão de informações para outros órgãos de segurança pública do estado se intensificaram. Estas operações prévias já resultaram no aumento dos números de pessoas presas e de foragidos recapturados.

Com a proximidade da data da Assembléia, outros 400 agentes da Polícia Federal se juntarão a policiais Civis, Militares, Guarda Municipal e bombeiros, que formarão uma força de combate e inteligência para atuar em conjunto, na prevenção e repressão tanto de crimes pontuais, como assaltos a turistas, até situações que envolvam riscos maiores, como atentados terroristas, para os quais a Polícia Federal tem, já definidas, ações coordenadas com equipes específicas para as operações táticas aéreas, terrestres, marítimas, controle migratório, etc. 

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A troca de experiências entre corporações é uma das estratégias para intensificar o patrulhamento, que permitiu ao Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE) realizar um período de treinamento em Brasília junto ao COT ? Comando de Operações Táticas ? que, por sua vez, esteve no Rio de Janeiro, conhecendo as áreas e formas de atuação do BOPE.    

Estes preparativos também servirão como  teste do esquema de segurança para os Jogos Pan-americanos, e deverão permanecer ativos até a realização do evento, no Rio, entre 13 a 29 de julho de 2007.

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Segurança de longo alcance

Em termos de mobilização de policiais, este é o maior esquema de segurança montado desde a Rio-92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUCED), realizada de 3 a 14 de junho de 1992,  quando também as Forças Armadas deram apoio ao patrulhamento. 

E, também pela primeira vez, trabalha-se com a possibilidade de tornar a integração das forças de inteligência e repressão nas esferas federal, estadual e municipal permanente, visando não só a redução dos crimes, mas também criando uma nova consciência de colaboração entre a população, resgatando a credibilidade das instituições, através do respaldo na solução dos problemas que chegam pelo cidadão comum, acostumado a raramente ver suas denúncias chegarem ao fim do ciclo investigação-inquérito-encaminhamento à justiça-julgamento-condenação-prisão, o que o torna desmotivado, em alguns casos omisso, diante da criminalidade. A mudança de consciência, que poderá tornar o cidadão um aliado da policia, só se faz com trabalho eficiente e resultados ? meta de longo prazo que está começando agora.

A Interpol no Brasil e no mundo

A Organização Internacional de Polícia Criminal ? OIPC/Interpol – foi criada em 1923 para facilitar a cooperação entre policiais de vários países, na prevenção e combate ao crime internacional. Com 184 países-membros, está entre as maiores e mais antigas organizações internacionais de polícia no mundo, que trocam entre si informações sobre o modo de atuação de criminosos envolvidos com tráfico internacional de drogas e sobre os mecanismos de ação de terroristas. 

A Interpol funciona ininterruptamente ? 24 horas por dia, 365 dias por ano – em sua sede em Lion, na França, com funcionários de mais de 80 países, centralizando e difundindo as informações criminais, e ainda atuando como elo de ligação entre autoridades nacionais e internacionais. A estrutura conta também com escritórios centrais nacionais, geralmente nas capitais dos países membros

Suas ações respeitam as leis nacionais dos países-membros e as premissas da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Seu estatuto proíbe qualquer intervenção em assuntos de caráter político, militar, religioso ou racial. Ronald K. Noble é o secretário-geral da Interpol, nomeado para  ocupar o cargo de 2005 até 2010. 

O braço brasileiro da Interpol está na Polícia Federal, que trabalha na investigação e troca de informações policiais, criminais e judiciais, integrando os sistemas de inteligência das polícias do mundo, com o objetivo de garantir que as ações da justiça alcancem os criminosos além das fronteiras. Os primeiros passos para que o Brasil passasse a integrar os quadros da Interpol foram dados no início da década de 50, com a criação de dois escritórios centrais, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo. Atualmente, a Coordenação Geral de Polícia Criminal Internacional (INTERPOL/DIREX) fica em Brasília e concentra diversos bancos de dados, com informações sobre imigrantes, armas, drogas, etc, além de agentes treinados e especializados, com dedicação exclusiva, e representações regionais em 27 estados da federação, somando cerca de 9.500 policiais e 3.300 servidores administrativos.