Rio Grande do Sul constata que sem-terra assentados abandonam lotes

Porto Alegre – O Gabinete Estadual da Reforma Agrária e Cooperativismo (Grac) do Rio Grande do Sul constatou que de 5% a 10% dos sem-terra assentados em terrenos adquiridos pelo governo estadual abandonam seus lotes poucos anos depois de conquistá-los. "Fatores como a estiagem, falta de infra-estrutura e demora na liberação de recursos estão por trás da maior parte das desistências", avalia o secretário da Reforma Agrária, Vulmar Leite. "Mas também há casos de inadaptação ao trabalho agrícola", revela.

Depois de comprovar que houve 236 abandonos neste ano, o Grac abriu processo de seleção para a ocupação dos lotes, localizados em assentamentos de dez municípios da zona sul do Estado e dois do noroeste, com prazo de inscrição até 28 de janeiro. A maioria dos terrenos já foi ocupada por outros agricultores, filhos de assentados do mesmo local ou pessoas indicadas pelos acampados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). "Eles terão de se submeter à avaliação que faremos e não têm qualquer preferência por estarem nos lotes", avisa Leite. A escolha será feita pelo Grac em conjunto com os conselhos municipais de desenvolvimento rural e assembléias de assentados.

Assentado ligado ao MST, o deputado estadual Dionilso Marcon (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, criticou a iniciativa do governo do Estado, lembrando que já há um mecanismo de substituição para desistências de assentados, acionado pela própria comunidade, que seleciona o novo beneficiário entre os cerca de 2,5 mil agricultores que vivem em acampamentos à beira de estradas no Estado. Aprovada em ata, a troca costuma ser referendada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Marcon atribui as desistências à falta de investimentos do governo estadual nas áreas de reforma agrária.

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