O ambicioso projeto de transposição das águas do Rio São Francisco representa uma fonte intermitente de conflitos para o governo federal. Na gestão anterior, o projeto foi posto de lado diante da reação de dom Cláudio Cappio, bispo da Diocese de Barra, no interior da Bahia, que chegou a fazer greve de fome para chamar a atenção do País para os riscos advindos da intervenção física no referido curso fluvial.
O bispo pediu ao governo que antes de pensar no desvio das águas empreendesse a recuperação do rio, hoje sofrendo os efeitos da contaminação por produtos químicos, dejetos humanos e assoreamento, conjunção de fatores negativos que acabou eliminando ou ameaçando de extinção inúmeras espécies de peixes, que fornecem o sustento para a população ribeirinha.
A última dúvida sobre o projeto foi consignada pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, em solicitação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), na qual pede a imediata paralisação das obras de transposição, com base no simples argumento de que o governo não cumpre exigências mínimas para a execução das obras.
Em dezembro de 2006, o ministro Sepúlveda Pertence deu autorização para as obras, embora sob a expressa exigência da realização de novas consultas e audiências prévias à concessão do licenciamento ambiental.
O governo não fez a lição de casa e o procurador-geral está em pleno direito de reclamar a explicação definitiva do governo. Assim é o Brasil.
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