Rigor investigativo

Virou obrigação moral dos integrantes da CPMI dos Correios, em especial do seu presidente, senador Delcídio Amaral (PT-MS), não afrouxar o rigor das investigações, bem como a elaboração de um relatório do qual o Ministério Público possa extrair elementos suficientes para oferecer denúncia contra os corruptos.

Não há outra saída para responder à indignação nacional, bem assim ao transmitir a certeza que o trabalho investigativo será levado às últimas conseqüências. A sociedade não vai aturar, com a bonomia sempre invocada nessas horas, desfecho diferente daquele que submeta à dureza da lei quantos a macularam pelo cometimento de ações ilícitas.

A providência não tem precedentes e chega no momento propício. Uma centena de auditores do Tribunal de Contas da União, Ministério da Fazenda, Comissão de Valores Mobiliários e Secretaria da Previdência Complementar começa a trabalhar esta semana, com a finalidade de escrutinar documentos de ministérios, bancos, empresas, fundos de pensão estatais ou privados, além de corretoras de valores.

Os técnicos vão reforçar o grupo dos 50 agentes da Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público já destacado para a investigação. A força-tarefa vai desencadear uma operação pente-fino no conjunto de instituições citadas na ação preliminar da CPMI, dispensando porém o aparato rumoroso da rotina policial. O trabalho será pautado pelo rigor do compromisso com a eficiência.

A partir do início da segunda quinzena de agosto, calcula o presidente Delcídio Amaral, pode-se dar como certa a indicação dos primeiros parlamentares passíveis da perda do mandato, num arco de punições cabíveis muito mais abrangente.

O presidente do TCU, ministro Adylson Motta, não esconde a gravidade do sentimento de ultraje lançado sobre as instituições públicas, e quanto um fato dessa natureza contribui para a desmoralização das mesmas.

A mobilização dos servidores especializados em detectar fraudes na administração pública é também a admissão da ousadia do esquema montado para capturar recursos públicos. Essa é única explicação capaz de lançar luz sobre a absurda iniqüidade desencadeada contra o País.

Não há a menor possibilidade de os culpados ficarem impunes ou que a mozarela volte a ser o envoltório da safadeza. As pedras vão clamar.

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