O desacordo e a desorganização entre as nações mais ricas do mundo estão minando os esforços para remediar a miséria e o desespero nos países mais pobres do planeta, afirmaram nesta segunda-feira (16) a Organização das Nações Unidas (ONU) e outras instituições internacionais de peso. O secretário-geral da ONU, Ban-Ki Moon, disse a representantes da Organização Mundial de Comércio (OMC), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial que as nações ricas estão falhando em cumprir promessas de aumentar a ajuda aos países em desenvolvimento. Segundo ele, a ajuda teve queda de 5% no ano passado.
O secretário-geral afirma que o processo de distribuir a ajuda é "desnecessariamente complicado, fragmentado e coordenado de maneira fraca. Freqüentemente, a ajuda é guiada mais pela política que pela necessidade, minando o seu efeito," Ban disse durante o encontro anual do Conselho Econômico e Social da ONU com as organizações financeiras internacionais e a Conferência de Comércio e Desenvolvimento da ONU.
Ban e outros palestrantes mostraram alguns progressos baseados no Consenso de Monterrey – um acordo internacional de 2002 ocorrido na cidade mexicana, para reduzir a miséria e as doenças – a na Rodada do Milênio, que clama aos governos cortar pela metade a pobreza extrema, brecar a propagação da Aids e levar a educação elementar a todas as crianças, além de expandir o acesso a água potável a todos, até 2015.
Alejandro M. Werner, dirigente dos comitês para as metas no FMI e no Banco Mundial, que aconselha as duas entidades em projetos de ajuda internacional, disse que o forte crescimento da economia está ajudando a reduzir a pobreza, a primeira das metas da Rodada do Milênio. Mas ele citou "resultados díspares" nas outras metas, como universalizar o ensino elementar, reduzir a mortalidade infantil, a subnutrição e as mortes no nascimento. Segundo ele, dar maior controle às mulheres sobre suas vidas, no mundo inteiro, é a chave para atingir todas as metas da Rodada do Milênio.
Valentine Rugwabiza, delegada da direção geral da OMC, instou ao progresso na Rodada de Doha, metas que começaram a ser negociadas em 2001 para as nações chegarem a um acordo mundial de comércio, que reduziria tarifas e incrementaria o comércio. As negociações para a Rodada de Doha estão em impasse e os países participantes, entre eles o Brasil, pediram mais um ano para concluí-las. "O tempo está se esgotando. Falhar significaria que os países em desenvolvimento perderiam uma oportunidade que aparece uma vez em cada geração, para exportar mais produtos aos países ricos", ela acredita.
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