O presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), vai adotar medidas para tentar acelerar os processos de cassação dos 67 deputados acusados de envolvimento no esquema de venda superfaturada de ambulâncias a prefeituras com dinheiro do Orçamento. Izar afirmou que grupos de três conselheiros poderão ouvir simultaneamente depoimentos das testemunhas de defesa dos acusados, reservando as reuniões maiores, com todo o colegiado, para as ocasiões em que todos os relatores tenham interesse
Izar considerou fundamental que o colegiado ouça o empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos responsáveis pelo esquema. Nesse caso, o depoimento seria com a participação de todos os conselheiros. Para ganhar tempo, Izar determinou que nesta terça-feira (22) começasse a notificação dos acusados. Ele decidiu que, caso o deputado evite ser notificado pessoalmente, receberá um telegrama avisando que a notificação será feita por edital publicado no Diário do Congresso. Com isso, Izar pretende evitar o que aconteceu no caso do escândalo do mensalão, quando acusados fugiam da notificação para adiar o processo. Os relatores dos processos serão indicados no dia 4 de setembro. Até lá, Izar espera ter notificado todos os parlamentares
Apesar das providências, dificilmente os processos serão concluídos nesse ano no colegiado. Os prazos no conselho são contados por sessões realizadas pelo plenário da Câmara e, como a Casa está em recesso branco, nem o prazo de defesa de cinco sessões deverá estar esgotado até as eleições de outubro. O deputado acusado pode indicar cinco testemunhas de defesa, que são convidadas duas vezes, pelo menos, a comparecer no conselho. Elas também podem adiar o processo. Depois há ainda o prazo para elaboração do parecer, a análise dos documentos, a apresentação do parecer, o prazo de duas sessões para votação do relatório
O deputado, cujo pedido de cassação for aprovado pelo conselho, ainda pode entrar com recurso na Comissão de Constituição e Justiça, que também segue prazos. "Com muita boa vontade, o conselho conseguirá concluir 4 ou 5 processos neste ano", resumiu o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que relatou o processo contra o deputado cassado José Dirceu (PT-SP). "Com a ressaca eleitoral e a comissão de Orçamento funcionando no final do ano, piora esse cenário", disse Delgado.