O presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), afirmou hoje que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) não altera a votação do pedido de cassação do mandato do deputado José Dirceu (PT-SP) marcado para quinta-feira. O relator do processo de cassação, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), disse que o seu parecer que conclui pela cassação de Dirceu não se baseia apenas nos dados sigilosos do petista.
"Tirar os sigilos telefônicos e o repasse de recursos não afeta o teor e o corpo principal do relatório", afirmou Delgado. "A decisão do STF foi por tirar, mas o relatório é o mesmo." O relator disse que usou os dados quando fez cruzamento das votações na Câmara com a liberação de verbas e das ligações telefônicas do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para Roberto Marques e Dirceu. Segundo juristas, Delgado terá de retirar do relatórioa as partes em que menciona os dados sigilosos e terá de reler o seu relatório. Com isso, os problemas estariam resolvidos.
Delgado disse que também usou dados sigilosos no caso da remuneração que o petista recebeu por participar do conselho de administração da Petrobrás. O relator afirmou que há outras informações em seu relatório como o da ex-mulher de Dirceu Ângela Saragosa, as relações do petista com o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, a agenda do ex-ministro da Casa Civil e os encontros com diretores do Banco Rural.
O presidente do conselho afirmou que vai se reunir amanhã com Delgado para tratar da decisão do Supremo e analisar se será necessária a supressão da parte do parecer referente aos dados sigilosos. "Não será preciso fazer novo parecer", descartou Izar. Ele considerou a decisão do ministro Eros Grau "juridicamente correta". O deputado Orlando Fantazini (Psol-SP), ex-presidente do Conselho de Ética, afirmou que a decisão do ministro foi acertada não suspendendo a tramitação do processo contra Dirceu. "Do relatório, o que se pode compreender é que a transferência dos dados sigilosos não foi tomada como decisiva", afirmou Fantazini.