O vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), quer convocar Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho e responsável pelo capítulo de Trabalho e Emprego do programa de governo da candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dependendo do depoimento de Bargas, Jungmann disse que poderá pedir a convocação do presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), para dar explicações à comissão de inquérito sobre o dossiê com denúncias de envolvimento dos candidatos do PSDB ao governo paulista, José Serra, e à Presidência da Republica, Geraldo Alckmin.
"Primeiro temos de ouvir o Bargas. E só então, se for o caso, convocar o Berzoini", disse Jungmann. Depois das eleições, no dia 4 de outubro, ele vai apresentar requerimento com a convocação de todos os envolvidos na compra e venda de dossiê supostamente desfavorável aos tucanos: Freud Godoy, Gedimar Pereira Passos, Valdebran Padilha da Silva, Jorge Lorenzetti, Paulo Roberto Trevisan e Abel Pereira.
"O Palácio do Planalto está chegando muito próximo da CPI. Em três dias, esse escândalo definitivamente chegou ao gabinete presidencial", afirmou Jungmann. Os nomes de Berzoini e Bargas apareceram nesta terça-feira (19) no escândalo. Segundo a revista "Época", Bargas teria procurado a publicação para oferecer documentos contra Serra. No encontro com um repórter, Bargas teria afirmado que Berzoini sabia da conversa com a revista, mas não do conteúdo do material contra o tucano.
A cúpula da CPI dos Sanguessugas reuniu-se nesta terça-feira informalmente. O presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), enviou ofícios à Polícia Federal, ao Ministério Público e à Justiça Federal de Mato Grosso solicitando todos os documentos apreendidos na operação que detectou a tentativa de venda de dossiê por Luiz Antonio Trevisan Vedoin e Darci Vedoin, donos da Planam, principal empresa da máfia das ambulâncias. A comissão quer também a íntegra dos depoimentos de todos os envolvidos no escândalo.
"A linha de investigação vai ser ampliada à gestão do Ministério da Saúde bem como à ação criminosa do Luiz Antonio Vedoin", disse Biscaia. Depois das eleições de 1º de outubro, a CPI vai tentar pôr em votação os requerimentos com a convocação dos ex-ministros da Saúde José Serra e seu sucessor Barjas Negri. Os integrantes da comissão estão divididos: a ala governista, liderada pelo PT, quer a convocação de Serra e Negri, mas os oposicionistas trabalham para evitar a convocação dos tucanos.
"A convocação de qualquer ministro vai depender da documentação que virá para a CPI", disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), sub-relator de sistematização da comissão. "Os requerimentos de convocação de todos os ex-ministros estão na CPI. Vamos formar nossa convicção, analisar os documentos e aí todos os envolvidos qualquer pessoa de qualquer escalão, poderão ser convocados", disse o presidente da CPI. "Acredito que a tendência pós eleitoral é convocar todos os ex-ministros", afirmou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que poderá ir para Cuiabá para acompanhar de perto as investigações da Polícia Federal sobre o caso.
