O programa brasileiro do uso de etanol como combustível foi considerado pela revista científica americana Science da edição de hoje como um caso de sucesso a ser observado, e replicado, por outros países, quando o assunto é energia sustentável.

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A revista traz um pacote de artigos com sugestões para resolver o problema de falta de energia no futuro. O assunto mereceu destaque da publicação uma semana depois que o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou relatório que mostra que é urgente a necessidade de reduzir as emissões de CO2 – resultado da queima de combustíveis fósseis e responsável pelo aquecimento global. A publicação aposta na eficácia do etanol obtido da cana-de-açúcar como alternativa para substituir o petróleo. Para explicar a experiência brasileira, foi convidado o ex-secretário de Ambiente do Estado José Goldemberg. Pesquisador da Universidade de São Paulo, ele defende que a energia do futuro está nos canaviais.

?Novas fontes de energia renovável estão sendo desenvolvidas. Mas desde 1980 estamos lidando com o etanol. Os problemas que tínhamos – como falta de suprimento, pouca eficiência, ou o carro não pegar em dias frios – já foram resolvidos?, disse ao Estado. Claro que muita gente se lembra do sufoco passado no fim dos anos 80, quando os produtores boicotaram a produção e faltou álcool. ?A população perdeu a confiança, mas hoje, com os carros flexfuel, deixamos de ser reféns.

Atualmente, o álcool substitui 40% da gasolina no Brasil. Para que o País substituísse totalmente a gasolina seria necessário triplicar o cultivo da cana, que hoje ocorre em 2,5 milhões de hectares.

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Isso sem desmatar mais floresta nativa? Goldemberg afirma que sim. ?Só em São Paulo temos 10 milhões de hectares de pastagem. Esse espaço pode ser remanejado.? Ele defende que o modelo seja replicado em países, como Índia, Colômbia e África do Sul. ?Para suprir o mundo com 10% de álcool seriam necessários 25 milhões de hectares de plantação.?

Para ele, a principal vantagem do álcool brasileiro, em comparação com o de milho (produzido nos Estados Unidos) e o de beterraba (na Europa), é que as plantações de cana em seis meses equilibram o que é emitido de CO² pela queima do etanol.

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