Representantes de mais de 180 países, reunidos na conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudança climática, parecem ter chegado a um acordo para iniciar uma revisão, a ser apresentada até 2008, do Protocolo de Kyoto. O protocolo exige que as nações industrializadas reduzam suas emissões de gases causadores do efeito estufa, e expira em 2012. Organizações ambientalistas temem que uma demora na revisão – e, por conseguinte, na elaboração das regras que vigorarão de 2012 em diante – venha a solapar o esforço já realizado.
Segundo o ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, países como China, Índia e Brasil receberam a garantia de que as negociações até 2008 não imporão cortes obrigatórios de emissões às economias em desenvolvimento. "Não é o suficiente", disse Gabriel, desapontado. "Temos de agir urgentemente". O plano ainda precisa ser aprovado pela plenária do encontro.
O temor dos países em desenvolvimento, de se comprometerem com metas de cortes na poluição, foi um dos principais entraves da reunião, que se realiza em Nairóbi, Quênia. O Brasil chegou a receber, na semana passada, o prêmio "Fóssil do Dia", oferecido por ONGs às nações que mais atuam para atrapalhar as negociações. Mas os campeões do "Fóssil do Dia" foram, ao final, Austrália, Canadá e Arábia Saudita.
Representantes da União Européia afirmam que a meta de revisão até 2008 – processo que avaliará os mais recentes dados científicos e o tamanho dos cortes de emissão necessários – deverá garantir que não haverá um vácuo na lei internacional sobre emissões de carbono após 2012. A falta de avanços mais substanciais em Nairóbi frustrou algumas expectativas. A ambientalista queniana Sharon Looremetta referiu-se à reunião como um fracasso.
"A maior parte das questões importante acabou engavetada", disse ela. Seu povo, os nômades massai, já foi prejudicado pelas secas causadas pelo aquecimento global, disse ela. "Não andamos de carros 4×4, não pegamos avião nas férias, mas sofremos com a mudança climática", afirmou.