Christian Cravinhos desmontou ontem a farsa que havia montado segunda-feira no julgamento pelo assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen. Ele confirmou ter participado da execução do casal e disse que a culpa de tudo é da filha deles, Suzane. ?Parecia o dia mais feliz da vida dela?, afirmou, sobre o dia do crime. Apesar de ter admitido que mentiu, o depoimento desesperado provocou comoção
A partir das 22 horas de hoje, Christian descreveu uma Suzane impressionantemente fria. Relatou que, na garagem, ao ver as armas do crime perguntou à jovem se ela achava justo matar quem a pôs no mundo de forma tão cruel. ?Não sei se é justo, mas enquanto não sepultá-los, não serei uma pessoa feliz?, teria respondido Suzane. Christian pediu ao juiz que ela permanecesse no plenário enquanto ele dava sua nova versão, mas o juiz Alberto Anderson Filho não deixou
Segundo o rapaz, a primeira vez que ouviu Suzane falar em matar os pais foi em julho, três meses antes do crime, quando seus pais estavam na Europa e ela ficou sozinha em casa. Em um churrasco, ela teria perguntado: ?Você aceitaria matar meus pais?? Ele disse que achou um absurdo
Em outra oportunidade, pouco depois, a sós com Suzane, disse que pediu explicações sobre a proposta. ?Não estou acusando a Suzane mas ela falou para mim que não suportava os pais dela, porque ela não tinha vida. Não podia fazer nada. Ela disse que, com 13 anos, o pai teria tentado estuprá-la e que o pai a agredia e a Andreas. Até para ir ao McDonald?s ela tinha que mentir. Não tinha amigos. O único meio de ficar em paz seria os pais dela não existindo.? Indagada sobre os motivos, ?ela disse que a casa dela era bonita só de cima. A mãe era lésbica, o pai tinha amante.
No dia do crime, prosseguiu Christian, Daniel chegou ?tomado? na casa dele pedindo ajuda porque a jovem queria matar os pais. ?Eu amo muito a Suzane, não quero perdê-la.? O rapaz declarou que tentou dissuadi-lo, mas acabou acompanhando Daniel por amor a ele
Ele disse que Daniel era totalmente subjugado por Suzane. ?Meu irmão foi um menino que cresceu com carinho e amor gigantes. Nunca teve maldade. Eu não sei que poder é esse (que ela tem sobre ele).
Astrogildo e Nadja Cravinhos ouviram tudo abraçados. A mãe chorava muito, o pai fazia carinho em seus cabelos. A comoção no plenário foi visível. O promotor Roberto Tardelli se disse atordoado minutos depois do depoimento. ?Foi muito contundente.? Para Mauro Otávio Nacif, advogado de Suzane, ?quanto mais mentiras, forem colhidas, melhor.
Para fechar o depoimento, Christian deu mais um duro golpe em Suzane. Disse que, dias depois do crime, ele lhe deu uma rosa branca. Ele e Daniel teriam ficado muito emocionados. ?Ela não chorou e me falou: ?Calma, Chris, você não me tirou nada. Você me deu uma vida nova.?