Reverter é possível

O Brasil, que enfrentou crise de credibilidade a partir do segundo semestre do ano passado, teve no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde os primeiros dias de 2003, prontas respostas e remédios amargos que permitiram a recuperação dos indicadores macroeconômicos.

Desde o início, entendíamos que, apesar de duras, as iniciativas do governo eram necessárias e, por isso, o setor empresarial se prontificou a dar o seu apoio. No entanto, também manifestávamos a nossa preocupação quanto ao tempo certo para a reversão de medidas que sinalizavam uma recessão.

Não foi por outro motivo, que uma vez melhorados os indicadores macroeconômicos, vínhamos afirmando que já havia espaços para adoção de medidas que retomassem o crescimento econômico. Por diversas vezes destacamos que a diminuição da taxa base de juros seria bem-vinda, mas que não bastava e seria necessária a redução pelo Banco Central do depósito compulsório, uma vez que a falta de dinheiro no mercado sufoca o setor produtivo.

No Fórum Nacional da Indústria, um organismo consultivo da Confederação Nacional da Indústria, formado por 34 associações setoriais nacionais da indústria, na última terça-feira, após análise de números que mostravam o quadro recessivo que estamos enfrentando, propusemos e aprovamos um documento enviado ao presidente da República, sugerindo a redução do compulsório, a queda da taxa básica de juros e a adoção de outras medidas que permitissem a retomada do crescimento.

É, pois, positiva a redução do recolhimento do compulsório de 60% para 45%, praticada pelo BC nesta sexta-feira.

É imperativo que a iniciativa deva ser acompanhada de outras que permitam continuar a flexibilização da política monetária do País.

A expectativa dos setores produtivos é que haja nova redução na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 24,5%, na próxima reunião do Copom, nos dias 19 e 20. Entendemos como positivo, também, o acordo do governo com os governadores para a votação da reforma tributária, permitindo o repasse de 25% da Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico – Cide para os estados investirem em infra-estrutura e, ainda, a criação de um fundo de exportação.

Da mesma maneira foi bem-vindo o anúncio de que o BNDES investirá R$ 7 bilhões em obras de infra-estrutura até dezembro. Isso representará mais dinheiro “na praça”, como se diz popularmente e, aí sim, com a somatória de iniciativas oficiais poderemos fazer reverter a onda recessiva.

José Carlos Gomes Carvalho é presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria.

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