Durou apenas 15 minutos e terminou em tumulto, ontem à noite, no Centro de Convenções da Bahia em Salvador, uma audiência pública promovida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para debater a transposição do Rio São Francisco. Representantes de organizações não-governamentais (ONGs), entidades civis, Igreja Católica e índios das tribos tumbalalá, trucá e tuxá (cujas aldeias ficam nas margens do rio), todos contrários ao deslocamento do rio, invadiram a audiência com faixas e cartazes, promovendo um apitaço e gritando palavras de ordem.

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O Hino Nacional foi cantado por alguns militantes, enquanto os indígenas promoviam uma espécie de "pajelança", convocando os espíritos dos ancestrais para ajudar a barrar o projeto.

Houve muito empurra-empurra entre seguranças e manifestantes, e o chefe de Gabinete do Ministério da Integração Nacional, Pedro Brito, só teve tempo de abrir a reunião. Quando começou a ler a proposta, foi interrompido pelo movimento: os manifestantes "tomaram" a mesa das autoridades, obrigando o superintendente-regional do Ibama, Júlio Rocha, a encerrar a sessão.

O diretor-nacional em exercício do Ibama, Luiz Felipe Kunz, disse que avaliaria a validade do encontro com os membros da procuradoria-geral do órgão. A depender dessa avaliação, Kunz decidirá se será necessário a realização de uma nova audiência no Estado. Outras duas, em Aracaju, na segunda-feira, e Maceió, na quarta-feira, estão previstas para encerrar a discussão sobre a idéia com a sociedade civil. A operação no São Francisco é condenada pelo governo da Bahia e provocou a união de forças políticas tradicionalmente adversárias.

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