A reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que começa amanhã e termina quarta-feira, está no foco dos investidores globais nesta semana. A expectativa é de que a taxa básica de juros seja mantida em 5,25% ao ano nos EUA.
?O mercado tentará identificar, no comunicado que será divulgado após o encontro, qualquer mudança de tom (da autoridade monetária americana)?, disse Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management. Segundo ele, é provável que o Fed volte a sinalizar que os riscos inflacionários no país são maiores do que os riscos de forte desaquecimento econômico.
Vale lembrar que o BC americano azedou o humor dos investidores no início do ano, ao divulgar a ata de sua última reunião de 2006. O trecho do documento que assustou foi o que dizia que a desaceleração econômica poderia ser maior do que a inicialmente projetada. ?De lá para cá, a ata ficou velha, pois diversos indicadores mostraram um bom desempenho do consumo, do investimento e do mercado imobiliário?, observou Maia.
Na avaliação do Banco ABN Amro, o Fed manterá os juros inalterados por muito tempo. ?Os indicadores de atividade têm sido bons e, assim, o Fed não precisa cortar o juro?, explicou Zeina Latif, economista da instituição no Brasil. Para ela, a chance de o Fed elevar a taxa é muito pequena. ?O mercado está tão sensível que nos últimos dias algumas pessoas levantaram a hipótese de o juro americano subir, algo que nos parece descabido?, disse.
No Brasil, a agenda de indicadores terá como destaque a divulgação do resultado das contas públicas relativo a 2006 (quarta-feira), a balança comercial de janeiro (quinta) e o IGP-M também de janeiro (amanhã). Além disso, na quinta, o Banco Central (BC) divulga a ata da polêmica reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada.
Tanto Zeina quanto Maia acreditam que o documento perdeu um pouco de importância após o comunicado divulgado ao final do encontro. ?Ali o BC deu seu recado?, afirmou Zeina. ?Além disso, a decisão de cortar o juro em 0,25 ponto porcentual tirou das listas de apostas, daqui para a frente, a possibilidade de reduções de 0,50 ponto.? Nas contas de Zeina, a taxa Selic encerrará 2007 em 12% ao ano. Maia projeta um número entre 11,5% e 12%.
Nesse cenário, a tendência para a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) é de muita volatilidade, com viés de alta. Nos mercados de juros e de câmbio, a expectativa dos analistas é de estabilidade.