Buenos Aires – A garantia de fornecimento de gás e negociação de um preço acessível do produto serão os temas principais da agenda de discussão dos presidentes amanhã (4), segundo fonte oficial do governo argentino. Os investimentos da Petrobras na Bolívia e a ocupação de suas plantas pelos militares bolivianos, também foram preocupações básicas manifestadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente argentino Néstor Kirchner durante conversa telefônica ontem (2), quando Lula propôs a realização de uma cúpula amanhã com a presença do boliviano Evo Morales e o venezuelano Hugo Chávez.
A essas preocupações soma-se a situação do Mercosul que já vem complicada com o conflito entre a Argentina e o Uruguai, por causa da instalação das fábricas de celulose às margens do rio Uruguai, na fronteira entre os países. Um assunto que entraria na pauta de discussões entre os presidentes, conforme avaliação da fonte, que detalhou que o ponto principal do encontro será discutir a garantia para o fornecimento um preço acessível do gás boliviano.
Segundo a fonte, a Bolívia quer aumentar o preço do gás vendido à Argentina dos atuais US$ 3,18 o milhão de BTU (unidade térmica para o comércio internacional) para US$ 5,30. De acordo com a demanda argentina, o consumo interno de gás boliviano varia de entre 3% a 4,5% do total, em torno de cinco milhões de metros cúbicos de gás por dia. Enquanto que o Brasil importa cerca de 24,3 milhões de metros cúbicos diários. O contrato entre a Argentina e a Bolívia permite que o primeiro compre diariamente até 7,7 milhões de metros cúbicos.
No entanto, o ministro de Planejamento, Julio De Vido, estava negociando com Morales a elevação desse volume para 20 milhões de metros cúbicos diários em contrato que duraria 20 anos. A ampliação do volume deve-se às projeções de aumento da demanda para os próximos anos. Para tanto, o governo chegou a realizar uma licitação, em 2004, cujo vencedor foi o grupo Techint, para a construção do gasoduto do Nordeste, um projeto de US$ 1,5 bilhão.
Há duas semanas, De Vido tinha acertado com o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Andrés Soliz Rada, a criação de uma comissão binacional que deveria definir as regras para o novo contrato, antes de 15 de maio, data previamente marcada para as negociações. A fonte informou que esse prazo não poderá ser cumprido e que as negociações foram postergadas até que o governo boliviano negocie com as empresas.
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