Os Estados Unidos e vários países europeus sinalizaram nesta terça-feira (20) com o fim bloqueio internacional imposto à Autoridade Nacional Palestina há um ano, quando o grupo islâmico Hamas assumiu o poder na região. O cônsul-geral americano em Jerusalém, Jacob Walles, se reuniu, em Ramallah, na Cisjordânia, com o ministro das Finanças palestino, Salam Fayyad, no primeiro contato formal de um representante da Casa Branca com uma autoridade do governo de coalizão palestino, que tomou posse neste sábado e que, além do Hamas, inclui o partido laico Fatah, visto como moderado.
Fayyad faz parte do partido independente Terceira Via e já foi funcionário do Banco Mundial. Os EUA já haviam anunciado que iriam manter contato com membros da administração palestina que não fizessem parte do Hamas, numa clara dissidência com Israel. Aliados tradicionais dos americanos na região, os israelenses se recusam a dialogar com os palestinos até que seu governo renuncie à violência, reconheça o direito à existência do Estado judeu e aceite os tratados de paz assinados no passado.
O Ministério de Relações Exteriores da França anunciou que quer manter um diálogo político com os membros do novo governo palestino e que está tentando convencer os outros membros da União Européia de que seria "conveniente" a retomada da ajuda financeira à região. Em Washington, a chefe da diplomacia européia, Benita Ferrero-Waldner, defendeu a extensão de uma ajuda emergencial aos palestinos por "pelo menos mais três meses" e,em Viena, o governo austríaco convidou o novo chanceler palestino, Siad Abu Amr, para visitar o país.
O vice-chanceler da Noruega, Raymond Johansen, havia sido ontem o primeiro diplomata ocidental de alto escalão em um ano a se reunir, em Gaza, com o primeiro-ministro Ismail Haniye, do Hamas. Contrariado, os israelenses cancelaram um encontro entre Johansen e o diretor-geral de seu Ministério de Relações Exteriores, Aharon Abramovich.
Além de pôr fim a uma onda de violência entre as duas facções rivais palestinas, a formação de um novo governo de coalizão também tem como objetivo convencer a comunidade internacional a levantar as sanções econômicas impostas à AP, que deixou de receber mais de U$S 1 bilhão em ajudas internacionais no último ano. O grupo islâmico é considerado um grupo terrorista pelos EUA e a Europa e se responsabilizou por diversos atentados em território israelense.
