O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aproveitou o fim de um discurso em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, para mandar um sutil recado a seus críticos: "Respeito é bom, eu gosto de dar, e muito mais de receber." Ele se recusou a falar de eleições, depois de participar do início do teste industrial para produção do H-Bio, um óleo diesel que une óleo vegetal e petróleo no processo de refino. "Só discuto depois que houver convenção, depois que houver definições", disse.
Para Lula, o Brasil tornou-se uma "nação grande" e também quer respeito do mundo. "Mas se quiser respeito, tenho que me respeitar primeiro", salientou. "Durante muitos anos, este país não se respeitou." Ele lembrou que, ao assumir o governo, o Brasil precisava vender dólares para baratear o preço da moeda, enquanto hoje compra para encarecê-la um pouco. "O ministro da Fazenda corria para Washington todo fim de ano para fechar as contas aqui. Hoje não pagamos o FMI. Hoje nós devolvemos ao FMI US$ 15,6 bilhões, que estavam ali e a gente estava pagando juros", afirmou. "Não queremos mais o FMI, não queremos mais o Clube de Paris.
E voltou a deixar mensagens para seus críticos. Segundo ele, os brasileiros são exigentes demais, até com a Seleção, querendo goleada, quando 1 a 0 já é o suficiente. "Mas esquecemos que o País passou praticamente 20 anos estagnado", disse. Lembrou que, nesse período, foi líder sindical – "muito importante, modéstia a parte". E, em suas batalhas, disse ter conseguido pouca coisa. "Agora, faz 43 meses que o emprego cresce de forma consecutiva, com carteira assinada", garantiu. Isso, segundo ele, mostra que o Brasil está mudando. "É como uma orquestra: primeiro afina, depois tem harmonia e as coisas acontecem sem muito barulho", comparou.