?O Tribunal de Contas ganha um conselheiro preocupado com o Estado, a democracia e o cumprimento dos deveres por parte dos políticos administradores.? O texto acima abre a nota divulgada pela Agência Estadual de Notícias sobre a posse de Maurício Requião no Tribunal de Contas do Estado (TCE). A declaração dentro da nota foi feita pelo governador do Paraná, irmão do agora conselheiro (e ex-secretário da Educação) e o mais feliz na cerimônia de posse realizada na quinta-feira.
?O Tribunal de Contas ganhou um conselheiro preparado, sério, com grande experiência administrativa e uma base intelectual invejável?, reiterou o governador, em pleno esforço para justificar a ida do ?primeiro-irmão? para o TCE, órgão dos mais importantes e respeitados do nosso Judiciário e fundamental no exercício democrático, pois é o tribunal que avalia os gastos e investimentos públicos de toda espécie, trabalhando sem parar pela ética e pela responsabilidade no poder público.
Mas, convenhamos, ?preocupado com a democracia?? Será que é isto mesmo? O que é democracia? Usando a definição do dicionário Houaiss, democracia é ?governo do povo; governo em que o povo exerce a soberania; sistema político cujas ações atendem aos interesses populares; governo no qual o povo toma as decisões importantes a respeito das políticas públicas, não de forma ocasional ou circunstancial, mas segundo princípios permanentes de legalidade; sistema político comprometido com a igualdade ou com a distribuição equitativa de poder entre todos os cidadãos; governo que acata a vontade da maioria da população, embora respeitando os direitos e a livre expressão das minorias?.
As declarações e as atitudes do governador e de seu irmão não coadunam com o que se define como democracia. O mandatário do Palácio das Araucárias e seus áulicos permitem que as opiniões contrárias sejam emitidas? A legalidade é um dos princípios básicos deste grupo que comanda o Estado há seis anos? Este governo acata a vontade da maioria? Aceita a livre expressão?
Será preciso responder?