Brasília ? As reservas internacionais brasileiras fecharam o mês de junho com estoque de US$ 62,670 bilhões, o que representa queda de US$ 791 milhões em relação a maio, quando havia contabilizado o recorde de US$ 63,381 bilhões. A diferença decorre da valorização do dólar no mês, em razão das incertezas sobre evolução dos juros nos Estados Unidos, o que também afetou a política de recomposição das reservas depositadas no Banco Central.
Apesar da redução, o nível das reservas internacionais, em títulos e em moedas estrangeiras, continua em um patamar elevado. Resultado do bom desempenho da balança comercial, com sucessivos superávits (saldos positivos) no balanço de pagamentos das contas externas, somado às compras do BC.
Aproveitando as condições favoráveis, com a cotação da moeda norte-americana em baixa frente ao real, o BC comprou US$ 21,6 bilhões em 2005, e nos cinco primeiros meses deste ano incorporou mais US$ 14,454 bilhões, a título de recomposição das reservas.
Como resultado, as reservas atuais superam, com folga, o maior volume registrado anteriormente, em dezembro de 1996, quando atingiram US$ 60,1 bilhões. Mas as reservas sofreram perdas vertiginosas com as crises dos tigres asiáticos em 1997 e da Rússia, em 1998, além dos déficits (saldos negativos) comerciais nos anos seguintes, chegando ao final de 2000 com apenas US$ 33 bilhões.
A situação só começou a se reverter depois da adoção do câmbio flutuante, em janeiro de 1999, quando a balança comercial iniciou processo gradativo de recuperação das exportações, a princípio de forma tímida, e de modo mais forte a partir de 2002, possibilitando superávits nos balanços de pagamento de 2003 até os dias de hoje.
Esse movimento ajudou a fortalecer as reservas, embora contribua também para desvalorizar o dólar em relação ao real.
As reservas atuais poderiam ser ainda mais altas se o Brasil não tivesse pago US$ 15,4 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI), no final do ano passado, mais US$ 2,6 bilhões ao Clube de Paris, em janeiro deste ano, e amortizado US$ 6,5 bilhões, há dois meses, dos bônus "bradies" ? títulos atrelados à moratória da dívida externa, no governo do ex-presidente José Sarney.