A outra novela alimentada pelo governo diz respeito ao salário mínimo. Figura em queda livre na instável bolsa de cotações da Esplanada, o ministro Jaques Wagner, da Articulação Política, passou recibo da dificuldade de fechar nos R$ 350 pedidos pelas centrais sindicais.
Então, ainda com a agravante da antecipação para 1.º de março, na melhor das hipóteses, o governo estaria propenso a chegar nos R$ 340. O salário mínimo atual é de R$ 300. A razão invocada é o grande número de empregados domésticos e a pressão inevitável sobre o orçamento das famílias de classe média, que ainda se dão a esse luxo.
Não por acaso, um vastíssimo contingente, a essa altura, estimado pela mecânica eleitoral do presidente Lula como reserva fiel nos cálculos da imponderabilidade fatalmente marcada para outubro vindouro.
Na verdade, a recorrente discussão sobre o valor do salário mínimo e seus avanços insignificantes dá a medida exata de quão afastado está o País duma eficiente política de distribuição de renda.
Quando o menor salário representa uma carga pesada demais para o poder público, por ser o maior empregador de assalariados nesse patamar de renda, compreende-se por que o Brasil é o segundo na escala planetária do desequilíbrio social.