O governador Roberto Requião reafirmou sua posição em defesa da independência do PMDB em relação ao governo federal, na reunião com correligionários, realizada nesta quarta-feira, no Grand Hotel Rayon, em Curitiba. "Para o bem do partido e do Brasil, devemos romper com a prática do atrelamento mecânico, abrir mão de cargos e parar de votar como se tivéssemos contrato de trabalho", disse o governador, enfatizando que essa postura não significa rompimento com o governo do presidente Lula. "A saída do governo não significa que devamos apenas criticá-lo ou regredir ao passado e estabelecer alianças com o PFL e PSDB. Estamos saindo para construir algo novo e avançado".
Requião defendeu a saída do PMDB dos cargos atualmente ocupados na administração federal e a tese da candidatura própria nas eleições de 2006. "É preciso acabar com a prática pobre e medíocre de o partido ser obrigado a votar a favor das propostas do governo para manter seus cargos, e não pela consciência de cada um sobre o que é melhor para o País", acrescentou. "E que fique claro que minhas observações nada tem a ver com as críticas que, de forma oportunista e inconseqüente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vem fazendo. É uma desfaçatez. Eu rejeito exatamente aquilo que o PT tem de ‘fernandohenriquismo’".
O governador lembrou que esse posicionamento não significa quebra de aliança com o PT. "Sou lulista e admiro o presidente, mas não posso concordar com uma política econômica que atende ao capital financeiro e não à população", disse Requião, enfatizando que "aqui no Paraná é diferente, porque o PT tem cargos no governo, mas o partido tem independência para votar na Assembléia Legislativa de acordo com sua consciência".
Projeto próprio
Para o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, que participou da reunião, as teses de independência e da candidatura própria não significam oposição ao governo Lula, mas a intenção de ter um projeto próprio para 2006. "Queremos ter as mãos desatadas no Parlamento, sem deixar de garantir a governabilidade", afirmou. O primeiro passo, para Temer, é aprovar, na convenção nacional, a tese da candidatura própria para as eleições presidenciais. "Tenho informações de que o partido, em outros Estados, além dos que já declararam apoio a essa postura, vão defender na convenção nossas teses", acrescentou.
No caso de o PMDB decidir pela permanência no governo, a posição ética será a de apoiar a reeleição do presidente Lula, segundo Temer. "Por isso, a hora de declarar a independência é agora, se queremos disputar a eleição, pois não desejamos ver o partido sendo acusado de fisiologista", concluiu.
Orestes Quércia, por sua vez, afirmou que "manter a aliança com o PT é difícil, por sua postura exclusivista". Segundo ele, "precisamos ter vida própria, resgatando o que o partido viveu ao longo de sua história, especialmente a sua luta pela democratização do País". A mudança da sigla PMDB para MDB, também foi discutida no encontro, que contou com as presenças da bancada estadual do partido e lideranças da Executiva estadual.