O governador Roberto Requião foi homenageado no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Movimento Viva Rio com o prêmio "Segurança Humana" pelo pioneirismo da campanha de desarmamento. A campanha de arrecadação de armas foi concebida pelo Governo do Paraná e adotada posteriormente pelo Governo Federal. Até o momento, mais de 30 mil armas já foram arrecadadas no Estado.
A premiação reconheceu ações que se destacaram por incentivar a cooperação entre o Estado e a sociedade civil para a redução da violência urbana e a construção da paz no Brasil. Os homenageados receberam os prêmios de pessoas que, de alguma maneira, estão envolvidas na luta contra violência, como vítimas de balas perdidas e mães que perderam seus filhos de maneira violenta.
Em seu discurso, Requião afirmou que o desarmamento é um primeiro passo para o combate à violência. Segundo ele, a campanha de desarmamento do Movimento Viva Rio e da Unesco não terá êxito se não for acompanhada de ações públicas de inclusão social e se não houver, ao mesmo tempo, combate à propaganda da violência pelos meios de comunicação. "É preciso desarmar também os meios de comunicação ? especialmente a televisão – que disseminam a cultura de violência. Não se pode construir a cultura da paz se a cultura da violência continuar", afirmou.
O governador assegurou, no entanto, que a campanha de desarmamento no Paraná não será interrompida. "É lei. O tempo todo o Paraná estará em campanha para desarmar a população", garantiu. Requião destacou ainda que a polícia paranaense recebe gratificação por arma apreendida. Das pouco mais de 30 mil armas arrecadadas em todo o Estado, sete mil foram apreendidas por policiais.
Políticas sociais e fiscais
De acordo com o governador, inclusão social significa basicamente emprego e, para criar empregos, é preciso promover o desenvolvimento econômico consistente e sustentado. Requião mencionou os ajustes feitos na política fiscal do Paraná, como a redução de impostos, o diferimento do ICMS da conta de luz e para investimentos realizados em regiões de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) como fatores determinantes para a atração de investimentos e a criação de novos postos de trabalho.
Os programas sociais desenvolvidos no Paraná também foram mencionados como formas de promover a inclusão. Já chega a um milhão o número de pessoas beneficiadas pelo programa que oferece energia elétrica de graça à população carente e são mais de um milhão de paranaenses contemplados pela tarifa social da água. O Programa Leite das Crianças chegou a todos os municípios do Estado, livrando crianças carentes do risco da desnutrição.
"Sem ações coordenadas que viabilizem a criação de empregos e programas sociais efetivos a campanha de desarmamento cai no vazio. Ações como as adotadas pelo Paraná poderiam ocorrer em todo o Brasil", afirmou Requião.
Continuidade
A campanha nacional do desarmamento já arrecadou 250 mil armas e, de acordo com o Viva Brasil e a Unesco, o ideal é que este número chegue a 600 mil até julho do próximo ano, quando a campanha termina. "O Paraná é o líder no país em números proporcionais, com mais de 30 mil armas arrecadadas. A entrega deste prêmio é o reconhecimento de uma política que começou aqui no Estado, deu certo e se tornou um exemplo para todo Brasil", disse o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, que acompanhou o governador.
Requião recebeu prêmio das mãos do presidente da comunidade da Vila Olímpica da Mara, Amaro Rodrigues, um dos mais intensos colaboradores da campanha no Rio de Janeiro. O evento teve também a participação do embaixador da Unesco, Jorge Werphin; do coordenador do Viva Rio, Rubem César Fernandes; do coordenador projeto desarmamento do Viva Rio, Rangel Bandeira; do governador de Sergipe, João Alves; do vice-governador de São Paulo, Claudio Lembo; do governador em exercício do Rio de Janeiro, Luiz Paulo Conti; do vice-governador de Pernambuco, Mendonça Filho e do representante do governador do Rio Grande do Sul, João Carlos Trindade Lopes. Também esteve presente o diretor geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda.