Requião quer conhecer estudo da Embrapa sobre transgênicos

O governador Roberto Requião enviou correspondência ao diretor presidente da Embrapa ? Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Clayton Campanhola, solicitando uma cópia do documento “Segregação de Regiões para o Plantio de Transgênicos”, desenvolvido pela equipe técnica da instituição. Segundo informações obtidas junto ao governo federal, o documento indicaria os estados do Paraná e Santa Catarina como áreas passíveis de serem consideradas livres de transgênicos. A correspondência foi enviada com cópias para o presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

O governo do Paraná vem reiterando pedidos para que o Paraná seja declarado “Zona Livre de Transgênicos”, conforme prevê a lei n.º 10.814/03, desde 2003. “Seria uma omissão muito grave da minha parte, sabendo do prejuízo que a nossa agricultura terá com a universalização da transgenia, me calar. O papel do Governo é esse, enxergar à frente, tomar medidas corretas para a defesa dos agricultores paranaenses”, justificou o governador.

No dia 25 de outubro, Requião protocolou em Brasília ofícios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos ministros José Dirceu (Casa Civil), Marina Silva (Meio Ambiente) e Roberto Rodrigues (Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Junto com os ofícios, foi anexada uma justificativa técnica mostrando as ações de fiscalização no Paraná. “O Governo Federal estava desinformado a respeito da soja transgênica no Paraná e agora está informado, porque junto com os ofícios, encaminhei um cronograma de fiscalização desde 1998 que demonstra que a presença de soja transgênica no Paraná e insignificante”, disse Requião.

Para o governador, há interesse não só da Monsanto em implantar as sementes transgênicas no Paraná, mas também de grupos locais. “Algumas cooperativas querem se associar à Monsanto para multiplicar a soja transgênica e manter os agricultores na mão, manter a subordinação a um tipo de semente e aos royalties cobrados pela Monsanto, que vai estabelecer um controle da agricultura brasileira”, alertou. A fiscalização no Paraná é mantida com rigor no Estado e o Porto de Paranaguá não exportar grãos geneticamente modificados.

Alerta

A dependência tecnológica é um aspecto para o qual alerta o pesquisador da área de Genética e Melhoramentos da Embrapa Soja, José Francisco Ferraz de Toledo, em seu artigo “Soja Transgênica”. “É necessário atenção para que as práticas de comércio executadas pelas novas grandes concorrentes (das empresas brasileiras) não acabem por eliminar aqueles atores eficientes e genuinamente brasileiros do estratégico setor de produção de sementes nacional”, ressalta.

O pesquisador confirma que a rejeição pela soja transgênica vem crescendo. “A Europa está questionando fortemente a necessidade do uso de transgênicos na alimentação humana (direta ou indireta). O Japão começa a seguir o mesmo caminho, e até os Estados Unidos já começaram a ter dúvidas sobre os benefícios trazidos pelos transgênicos”, ressalta. Ele lembra ainda que a reunião dos grupos que tratam das questões alimentares no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), realizada em Quebec, Canadá, refletiu essa situação nos principais países consumidores, prevendo a segregação e rotulagem para produtos transgênicos e seus derivados.“Como esses são os maiores mercados consumidores, temos, nós brasileiros, temos que ficar atentos a essas tendências”, alerta.

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