O governador licenciado do Paraná, Roberto Requião (PMDB), reapareceu nesta terça-feira (3), depois de ter visto desmoronar o sonho de ser eleito em primeiro turno. E tratou de esquentar o clima da campanha. Ele quer que as televisões abram mais espaço para debater com seu oponente, o senador Osmar Dias (PDT). "Quero debater olho no olho, quero conversar com o Osmar Dias na frente dele, para discutir biografia, conduta, idéias e programas", declarou.
Mas não pretende aceitar o "engessamento" dos debates. "Que não seja hermético, que não seja fechado, engessado em 30 segundos para perguntas e 45 segundos para resposta", propôs. Segundo ele isso é apenas "simulação de democracia". Sem deixar de lado o trabalho de rua, Requião acentuou que pretende dedicar mais tempo aos programas de televisão. "Sabemos que a eleição será decidida no vídeo", afirmou.
Dias não vê problema algum em debater com Requião. Foi ele quem primeiro usou a expressão "debater olho no olho", apelando aos eleitores para que levassem a eleição ao segundo turno. "Fui em todos os debates no primeiro turno, ele é que fugiu dos debates, como o da TV Sudoeste", criticou. "Mas precisa ter regras claras", pediu. "O desespero de ter que disputar comigo leva (Requião) a ser o mesmo mentiroso de sempre".
Requião culpou os "ataques pessoais" nos últimos dias de campanha como fundamentais para a queda nas pesquisas e o resultado nas urnas. Segundo ele, a coligação não tinha tempo de televisão para fazer a defesa. "A dúvida será desfeita no segundo turno", acentuou. O candidato peemedebista acusou Osmar de ter utilizado outros candidatos para fazerem os ataques, sobretudo tentando ligá-lo ao policial Délcio Rasera, preso sob acusação de fazer escutas clandestinas. "Agora não existe biombo para que meu adversário se esconda", afirmou.
O governador já começou atirando. "O meu amigo Osmar Dias tem coisas a explicar. Tem que explicar para mim, que o conheço profundamente, e para a população, como ficou tão rico em tão pouco tempo", cutucou. Osmar respondeu que não tem problema algum em relação a seus bens. "Está tudo explicado na Receita Federal. Meu pai dividiu em vida o que construiu com seu trabalho", afirmou. "Eu declaro tudo no meu nome e invisto tudo no Brasil." Ele disse que pretende fazer uma campanha com propostas para o Estado. "Mas não vou aceitar ataque à honra", adiantou.
Requião afirmou que sua coligação está conversando com lideranças do Estado para se somar à sua campanha. Ele disse que como governador, ajudou Curitiba e outros municípios sem condicionar a um eventual apoio. "O Beto Richa (prefeito de Curitiba, do PSDB) agirá com sua consciência", afirmou. O prefeito ainda não se pronunciou sobre seu apoio. Requião ainda não se definiu com quem caminhará nacionalmente. Ele quer ouvir antes como os dois candidatos pretendem tratar as questões paranaenses, citando o Porto de Paranaguá, a Copel e a disputa com o Banco Itaú pelas contas do Estado.
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