O governador Roberto Requião participou do debate do plano de governo ?Para Mudar o Brasil? elaborado pelo economista Carlos Lessa a pedido dele e de outros membros do PMDB. O documento deve ser a base das propostas do partido para as próximas eleições e faz duras críticas à atual política econômica propondo, entre outras ações, a redução da taxa básica de juros e a redução e eventual eliminação do superávit primário, hoje superior a 5% do PIB. ?O fundamental é termos uma política econômica em favor do povo e não dos interesses hegemônicos dos bancos e do capital internacional. Hoje, por exemplo, apenas 20 mil famílias ganham com as letras da dívida interna do Brasil?, explicou o governador.
O debate reuniu os principais líderes nacionais do partido na sede da Federação da Indústria do Paraná (Fiep), que também contribuiu para a elaboração da proposta. Esta é a primeira de 27 reuniões que se repetirão pelo país com objetivo de receber mais sugestões ao texto base e de estabelecer a unidade em torno do plano. Durante o encontro, um questionário foi distribuído para recolher novas opiniões, que serão analisadas por Lessa e a equipe de economistas que trabalha com ele, como Darc Antônio da Luz Costa, Márcio Henrique Monteiro de Castro, César Benjamin, Fernando Peregrino e Luiz Eduardo Melin.
Ao longo do encontro, o governador e Lessa, ex-presidente do BNDES, destacaram alguns números que confirmam a estratégia de beneficiamento aos especuladores financeiros imposta pelo Governo Federal. ?Nós temos um superávit primário de R$ 80 bilhões anuais que não se transforma em investimento. Nós precisamos de emprego, de desenvolvimento econômico real e de um país que vibre com a nossa gente. Esta política está equivocadamente voltada para abertura absoluta ao capital internacional?, salientou Requião.
O governador lembrou o sociólogo César Benjamin, presente na reunião, ao ressaltar que a essência do encontro ?é nos questionarmos se queremos ser um ?Brasil Nação? – com história, território e cultura de um povo ? ou ?Brasil mercado para os outros?. Exemplos como o da Argentina e da Venezuela não podem ser adotados pelo Brasil mecanicamente, mas revelam que é possível resistir à dependência excessiva do capital externo?, comparou Requião.