O governador Roberto Requião manifestou apoio total à iniciativa do Ministério do Meio Ambiente em criar cinco unidades de conservação federais para proteção e recuperação da floresta com araucárias. Em defesa das áreas, o governador lembrou que, em 100 anos, foram dizimadas 97% das florestas do Estado. ?Alguém ainda tem coragem de não querer os parques diante desse quadro??, questionou. A postura de Requião foi elogiada em carta enviada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

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A defesa da criação dos parques na região dos Campos Gerais foi feita por Requião na reunião semanal com o secretariado, nesta terça-feira (31), quando lançou o chamado ?pacote verde?, composto por decretos, convênios e resoluções, que marcou a abertura das comemorações da Semana do Meio Ambiente no Paraná. Participaram da reunião a consultora do Ministério do Meio Ambiente, Tereza Urban, o coordenador de florestas de araucárias, do mesmo ministério, Maurício Sávio, e o deputado estadual Neivo Beraldin, autor da lei estadual do ICMS ecológico, que incentiva preservação ambiental nos municípios.

Para o secretário do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, o pacote verde traduz o anseio e a importância com que o governo do Paraná dá prioridade à preservação ambiental no Estado. Segundo o secretário, o governador é um defensor do equilíbrio ambiental até por questões econômicas e de defesa do produtor rural. ?Quanto mais equilibrado estiver o meio ambiente, mais produtiva será a agricultura e melhor a qualidade de vida da população?, completou Cheida.

Processo

Segundo o secretário, o governo está consciente que ?a implantação de áreas de preservação não ocorre de maneira tranqüila, porque entra na seara da economia e o consenso não é fácil?, declarou. Enfatizou, porém, que o Paraná precisa enfrentar essa transição, destacando sua posição pioneira em relação a outros estados na questão ambiental.

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Essa intranqüilidade ficou evidente com a intervenção do produtor rural Douglas Fanchin Taques Fonseca, coordenador do movimento de conservação social e sustentável de Ponta Grossa, contrário à forma como estão sendo criadas as unidades de conservação ambiental nos Campos Gerais. No fim da reunião, o governador abriu espaço para sua manifestação contrária à condução do processo que, segundo ele, leva à desapropriação de áreas pertencentes a mais de 400 famílias de pequenos produtores.

Ambientalista

Requião ressaltou o espaço democrático, aberto na reunião do secretariado, que teve a defesa do processo de criação dos parques pela consultora do ministério do Meio Ambiente, Tereza Urban. A ambientalista enfatizou que a preservação das florestas inclui a fauna, flora, várzeas, nascentes e mananciais. Ela lembrou que, em pouquíssimos momentos, o governo federal lembrou-se de proteger a floresta de araucária. Segundo ela, a floresta que ocupava 3,5 milhões de hectares no Estado está reduzida, atualmente, a 0,8% de sua área original. E a área de campos naturais, hoje, está reduzida a 0,24%.

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Ainda segundo Tereza Urban, o Paraná tinha 10,3 milhões de hectares de áreas originais de florestas e campos, das quais sobraram 97.743 hectares, ou seja, 0,94% do total. ?É essa a área que o Ministério do Meio Ambiente quer preservar no Paraná?, justificou.

De acordo com Sávio, a área de floresta araucária nos Campos Gerais é a melhor reserva biológica dessa espécie encontrada no Sul do Brasil e a maior área remanescente com potencial de conservação. Segundo ele, através da interconexão dos parques a serem criados com os corredores de biodiversidade será possível não só a preservação como a recuperação de parte da floresta de araucária.

Homenagem

O governador Roberto Requião foi homenageado pela organização não-governamental SOS Mata Atlântica. O dirigente da organização Mário Mantovani justificou a premiação pela coragem que o governador demonstra na defesa do meio ambiente. ?Ele é uma voz diferenciada neste país, comprado por meia dúzia de multinacionais?, afirmou.

A SOS Mata Atlântica, criada no Paraná há 18 anos, foi quem apoiou Requião, em seu mandato de senador, a conseguir no Senado a aprovação do Parque Nacional do Superagüi, como área de conservação e preservação permanente. A criação dessa área, que era alvo de especulação imobiliária, foi responsável também pela preservação do mico-leão da cara preta.