O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), e o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), não esqueceram as rusgas da disputa eleitoral e, nesta terça-feira (13), abriram uma nova frente na batalha. Requião disse, pela manhã, ter recebido informações de um empresário de que recursos do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER) foram desviados, na campanha eleitoral de 2002, em favor de Richa, que disputou o governo do Estado contra o próprio Requião. No fim da tarde, o prefeito divulgou uma carta pedindo que o governador deixe de ser "covarde".
Segundo Requião, o DER que na época tinha como diretor financeiro José Richa Filho, pagou R$ 10 milhões para o empresário, em função de uma suposta terraplenagem na rodovia entre Curitiba e Garuva (SC). "A obra já estava paga havia muito tempo", acentuou Requião. Ele disse que, ao assumir o governo, em 2003, determinou que a Procuradoria entrasse na Justiça para investigar o pagamento. A ação ainda está tramitando. O governador afirmou ter recebido a visita do empresário que teria dito que o dinheiro sequer passou pela sua mão, indo diretamente para a publicitária Cila Schulmann, que coordenava a campanha de Beto Richa.
A publicitária entrou na Justiça contra o governador, pois este já havia contado publicamente essa versão. O episódio voltou à tona, porque Requião irritou-se com um oficial de Justiça que o esperava, na porta do auditório onde acontece a reunião semanal com os secretários, para notificá-lo de audiência no dia 26 dentro do processo cível. "Vamos acompanhar com cuidado o desenrolar disso. Quero saber quem ficou com o dinheiro do DER, quero saber por que pagaram uma quantia que não tinha nenhuma razão para ser paga e quero rastreamento desse dinheiro para saber como se financiam as campanhas no Paraná quando se está no poder", disse o governador.
Em uma carta com o título "Deixe de ser covarde, Requião", o prefeito afirmou que o objetivo do governador é denegrir a imagem de seu pai, o ex-governador José Richa, já falecido. "Com minha família, senhor inquilino palaciano, o senhor não terá o silêncio que costuma ter junto de seus auxiliares, que por vezes têm medo de suas constantes loucuras públicas", disse o prefeito. Segundo ele, a história contada por Requião foi "inventada", com distorção dos fatos. "É de uma leviandade e histeria que não encontra respaldo na verdade", acentuou. Richa prometeu interpelar o governador na Justiça sobre as declarações feitas nesta terça-feira.
"Contra meu irmão, o ensandecido governador levanta suspeitas sobre decisões administrativas adotadas por colegiado do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem, o DER, do qual foi diretor. Decisões que foram, inclusive, referendadas pela Justiça", afirmou. "Nem uma palavra sobre um de seus primeiros atos de governo em 2003, quando nomeou José Richa Filho para a Agência de Fomento.
