O governador Roberto Requião disse nesta sexta-feira em Curitiba que o anúncio do Ministério da Agricultura sobre o surgimento de um foco de febre aftosa em uma fazenda no município de São Sebastião da Amoreira, na região Norte do Estado, é uma estratégia para fazer uma acordo internacional às custas do prejuízo dos pecuaristas paranaenses.

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?Queremos um reexame. Se o vírus da aftosa for isolado, não digo mais nada. Mas enquanto isso não ocorrer, nós estaremos sendo sacrificados pela demagogia federal. E nós não vamos ceder à irresponsabilidade do ministério da Agricultura?, afirmou Requião.

Para o governador, ao colocar em dúvida o resultado dos exames do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), que não foram conclusivos sobre o surgimento da doença no rebanho paranaense, o Ministério põe em dúvida a eficiência e a confiabilidade dos seus próprios laboratórios, e isso pode comprometer o país junto aos organismos internacionais.

?Se tivéssemos um exame de vírus positivo, tudo bem. Mas em 49 dias não acharam nada. Por isso, declarar o Paraná área com aftosa é de uma irresponsabilidade total. Aliás, o que eles estão dizendo ao confirmar a doença no Estado é que não confiam sequer no laboratório federal que realizou os exames nas amostras, e cujos resultados foram negativos. Se eles não são confiáveis, não podemos sequer saber se há ou não aftosa no Brasil. É tudo questionável e essa irresponsabilidade pode comprometer o país?, garantiu.

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Pressão

O vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, reafirmou que houve precipitação do Ministério ao declarar o foco de aftosa no Paraná sem que o vírus tenha sido isolado. ?Ter sorologia positiva, origem suspeita ou sinais clínicos não significa obrigatoriamente que o Estado tenham a febre aftosa?, disse.

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Pessuti explicou que na própria circular divulgada nesta quinta-feira pelo Ministério da Agricultura o diretor Jorge Caetano ? que assina o documento ? afirma mais uma vez ?que não foi possível fazer o isolamento do vírus?.

O documento deixa claro ainda, segundo Pessuti, que o Ministério decretou o foco a partir da sorologia positiva de São Sebastião da Amoreira adotando os critérios estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que diz que mesmo sem fazer o isolamento o país pode anunciar o foco.

?Nós discordamos disso porque já tínhamos os sinais e a origem dos animais no dia 21 de outubro, quando a doença foi anunciada no Mato Grosso do Sul. Mas o próprio ministro Roberto Rodrigues entendeu na época que isso não era suficiente para decretar o foco no Paraná?, afirmou.

?Agora, por causa das pressões que nós sabemos que o ministro vem recebendo da Comunidade Européia e de grandes grupos exportadores o Ministério da Agricultura resolveu decretar o foco no Paraná?.

O vice-governador também adiantou que o Governo do Paraná não vai autorizar o abate sanitário dos pouco mais de dois mil animais da fazenda com suspeita da doença e que a Procuradoria Geral do Estado (PGE), auxiliada por representantes de todos os segmentos do setor de carne paranaense, está avaliando a estratégia do Estado adotará para se defender contra as acusações do ministério na Justiça.

?Não vamos iniciar o sacrifício dos animais antes que tenhamos as etapas anteriores resolvidas. Queremos o resultando do Pró-Bang, que é um exame mais completo, do líquido do esôfago e da faringe e queremos que haja a passagem em células, para verificar se há o vírus ou não?, disse.

Pessuti também afirmou que são mentirosas e de má-fé as acusações divulgadas pelo Ministério da Agricultura que o Paraná teria atrasado a notificação de casos suspeitos de aftosa e que, antes de toná-los públicos, o governo teria realizados exames em laboratório próprio.

?Não existe proibição alguma para qualquer Estado realizar exames de sorologia em seus laboratórios. O que não podemos é fazer o diagnóstico de aftosa, que implica no isolamento do vírus. Além disso, o Paraná não escondeu nada e informou que estava realizando os exames em alguns animais suspeitos?, explicou Pessuti.

O que é imperdoável, segundo ele, e não é possível entender é que essa precaução responsável do Governo do Paraná seja agora tratada com tanta má-fé pelos técnicos do Ministério. ?Até porque temos ética, responsabilidade e transparência em tudo o que fazemos?, disse o vice-governador.