O governador Roberto Requião abriu, nesta quarta-feira, o seminário “Aspectos Políticos e Institucionais do Processo de Integração no Mercosul”, promovido pelo Governo e pela Comissão Parlamentar Conjunta no Mercosul, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. O governador defendeu a criação de um vínculo perene de solidariedade entre Brasil e Argentina. “O que nós queremos para o Brasil é o mesmo que Argentina quer: um projeto de desenvolvimento com propostas convenientes para todos lados”, disse Requião.

Além disso, para o governador, o Mercosul tem que ser debatido de forma mais ampla no Brasil. Ele acredita que um dos principais problemas na integração é a falta de participação da sociedade e do Poder Legislativo. “Os acordos são feitos pelo Executivo, encaminhados à Chancelaria e depois dormem nas prateleiras do Congresso Nacional por 10, 15, 20 anos. Como o Congresso não participa, não sabe exatamente o que se discutiu, também não vota”, disse.

O governador salientou que há um projeto tramitando no Congresso Nacional, assinado por ele quando senador e presidente da Comissão Parlamentar no Mercosul, que estabelece uma parceria entre o Congresso e o Poder Executivo para a criação de uma “via rápida” para a aprovação dos acordos internacionais. “O projeto prevê a participação do Congresso em todas as etapas da discussão e formulação de convênios”, informou.
Requião afirmou que, da maneira como está, o Mercosul acaba sendo “uma ponte aérea entre Buenos Aires e São Paulo”, que não atende aos interesses dos Estados que fazem fronteiras com os países do bloco, mas sim de multinacionais e de grandes grupos econômicos. “Estamos tentando reverter esse processo com as missões empresariais promovidas pela Secretaria da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul”, garantiu.

O intercâmbio entre as universidades estaduais e universidades argentinas e os festivais culturais promovidos pelo Teatro Guaíra também foram citados pelo governador como exemplo do esforço do Governo do Paraná para garantir o fortalecimento do bloco. Requião defendeu, ainda, a criação de uma moeda cambial latina, desvinculada das moedas fortes do mundo, e a abertura total das fronteiras entre o Brasil e a Argentina.

O fortalecimento da soberania nacional também foi defendido pelo governador. Citando o economista César Benjamin, que proferiu uma palestra na última reunião do secretariado do Governo do Estado, na terça-feira (10), Requião afirmou que o país não pode voltar a ser a “empresa Brasil”, ou seja, eficiente apenas para o mercado internacional. “Precisamos de um projeto nacional de cidadania latino-americano. A partir daí, fortes, teremos condições de inserção no mercado global”, finalizou

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