As universidades públicas estaduais caminham para ser submetidas a um controle externo. A forma como vai ocorrer esse controle começou a ser discutida nesta segunda-feira (08) durante a reunião do governador Roberto Requião e seu secretariado. “As universidades públicas estaduais apresentaram bons resultados no último ano mas, em nome da autonomia universitária, continuam com desordens administrativas que têm de ser resolvidas”, afirmou Requião.
O governador dividiu a avaliação sobre as universidades estaduais em duas exposições. Na próxima segunda-feira, os reitores das cinco universidades estaduais farão uma exposição sobre o que acham que seria ideal para o funcionamento do ensino público superior. A idéia é aprofundar a discussão em torno do tema para chegar a um consenso entre a comunidade acadêmica e a sociedade sobre a universidade ideal.
De acordo com o governador, as universidades estaduais consomem R$ 500 milhões por ano, enquanto no Rio Grande do Sul o orçamento disponível para o ensino superior é de R$ 30 milhões. Requião disse que pagaria essa conta com orgulho, desde que todos os recursos gastos no ensino superior fossem de fato alocados para os projetos de ensino, pesquisa e extensão. “As universidades não podem se transformar em instrumentos de corrupção e desvio de recursos”, afirmou.
MEC apóia – A discussão iniciada no Paraná vai ao encontro da proposta apresentada pelo ministro da Educação, Tarso Genro, que defende um órgão externo de fiscalização das universidades. Requião foi além dessa proposta. Para ele, a fiscalização não pode ser local, para evitar pressões que as transformam em órgãos corporativos que não se alinham para servir a sociedade. “É preciso que as universidades tenham um filtro fiscalizador, porque como estão não podem ficar”, avisou.
Entre os problemas apontados pelo governador está o pagamento do Tempo Integral de Dedicação Exclusiva (Tide), que se transformou em complementação salarial para os professores. Conforme levantamento apresentado, a maior parte dos professores com Tide não desenvolve projetos de pesquisa, como seria a exigência para usufruir da gratificação salarial.
Requião destacou que não quer acusar as universidades estaduais e que existem bons exemplos que apontam que as distorções podem e devem ser revertidas. “Não vamos generalizar nada. Vamos, sim, reforçar a autocrítica”, afirmou.