O governador Roberto Requião e o Conselho de Administração da Copel autorizaram a diretoria da estatal a negociar oficialmente com as diretorias da El Paso e da Petrobras, suas sócias na Usina Termelétrica de Araucária, um acordo para solucionar as questões comerciais, técnicas e judiciais que envolvem o empreendimento. ?Estamos otimistas quanto ao desfecho satisfatório para este caso?, disse o governador.

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A autorização concedida nesta segunda-feira (13) pelo Conselho é essencial ao estabelecimento de um possível entendimento entre as partes, cujos técnicos há muito tempo vêm se ocupando do tema. O presidente da Copel, Rubens Ghilardi, vê possibilidades de um bom acordo em atendimento ao interesse da estatal e da população. ?Os entendimentos entre os sócios agora sobem do nível técnico ao nível das diretorias, o que evidencia a boa vontade e a receptividade mútua em busca de uma solução aos problemas?, frisou Ghilardi.

A exemplo da Copel, nos próximos dias, também os conselhos da Petrobras e da El Paso, multinacional norte-americana, deverão autorizar formalmente suas diretorias a negociar um acordo com a estatal paranaense.

Falência

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?A Copel poderia ter falido por causa dos contratos feitos com a UEG Araucária?, avaliou Requião. A usina consumiu investimentos superiores a US$ 300 milhões e onerou a Copel em mais US$ 43 milhões por erros de projeto: as turbinas instaladas não conseguiriam operar em condição ótima com o gás natural boliviano, que teria de ser depurado previamente numa estação de tratamento ? paga pela Copel e, mais tarde, atestada como desnecessária por técnicos da própria fabricante das turbinas. Dada por inaugurada em fins de 2002, a usina com 469 megawatts de potência teria capacidade para suprir praticamente toda demanda de Curitiba, mas jamais produziu eletricidade comercialmente.

Suspensão

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Os contratos de compra de energia da UEG Araucária significavam um desembolso anual para a Copel da ordem de R$ 450 milhões em 2003, quando Roberto Requião assumiu o governo do Paraná. Essa energia, ainda que pudesse ser produzida, não teria colocação no mercado e não geraria receita para a estatal. Em razão disso, Requião determinou à nova direção da Copel a imediata suspensão dos pagamentos à UEG e renegociação dos contratos, tomando como premissa a preservação do interesse público.

As conversações em busca de um acordo foram interrompidas quando a UEG Araucária ingressou com um pedido na corte de arbitragem da Câmara Internacional do Comércio, em Paris, pleiteando que a Copel fosse condenada a pagar-lhe mais de US$ 800 milhões em indenizações e multas por inadimplência. A Copel ingressou na Justiça brasileira para que fosse decretada a nulidade da cláusula arbitral e considerados sem efeito os procedimentos em Paris. Nenhum dos processos teve sentença definitiva.

Último 

O contrato de compra de energia da usina a gás natural de Araucária era o maior dos três contratos do gênero herdados pela atual gestão. Juntos, eles levariam a Copel à falência ainda no ano de 2003 por comprometerem mais de um terço das receitas da Companhia.

O contrato com a Cien, Companhia de Interconexão Energética, empresa controlada pela espanhola Endesa, foi renegociado em bases bem mais favoráveis em meados de agosto de 2003: a quantidade de energia adquirida foi reduzida à metade (de 800 para 400 MW), o prazo do compromisso caiu de 20 para 7 anos e o preço do megawatt-hora passou a ter como referências índices reconhecidos pela Aneel.

Já o contrato com a Usina de Itiquira, controlada pela multinacional americana NRG Energy, adquiriu contornos de um contrato de compra de energia (antes, ele servia apenas para garantir um preço mínimo de venda à dona da usina) e com preços totalmente adequados ao mercado brasileiro.