O governador Roberto Requião apontou nesta quarta-feira (23) – num encontro de lideranças políticas, empresariais e estudantis em Maringá – as contradições das políticas interna e externa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ?A política econômica do país é a pior possível. O país está perdendo em infra-estrutura. O país não investe em estradas, portos, ferrovias. Estamos desarticulando a possibilidade de crescimento do país no médio e no longo prazo. É muito ruim a política interna?, disse ao participar da reunião juntamente com o economista Carlos Lessa.

continua após a publicidade

?Pelo contrário, a política externa do país, é uma política interessante. É uma política de independência, que aposta no Mercosul, nesse eixo Brasil, Venezuela e Argentina?, completou Requião.

Para Requião, são essas as contradições do governo Lula. ?Mas qual é a verdade nisso tudo: é que nenhum governo é absolutamente bom e nem completamente ruim. Isso vale para o Lula e deve valer para mim também?, destacou.

O economista Carlos Lessa, por sua vez, defende uma mudança radical na condução da política econômica no país. ?É uma política que vem sendo conduzida errada desde o governo Collor. É uma opção preferencial pela estabilidade do ponto de vista formal, mas se conduz no concreto a uma política que reforça poderosamente os interesses do capital financeiro. É uma política que privilegia espantosamente o rentismo e inibe o desenvolvimento das forças produtivas?, avalia.

continua após a publicidade

Lessa afirma que é possível reduzir ?em muito? os juros no Brasil. ?Como estamos pagando mais que o dobro do que o segundo colocado mundial, pelo menos, reduzir ao nível da Turquia, economizaríamos R$ 70 bilhões por ano de juros. A taxa de juros é de 19,5%, se você reduzir para 10%, você continua maior que taxa turca. Só para fazer um paralelo a maioria dos estados gastou em 2004, a média de R$ 5 bilhões?.

Com esses recursos, segundo Lessa, o governo federal poderá investir em obras como estradas, hospitais, escolas, casas populares ? e qualificar a renda da maioria dos brasileiros. ?Em Maringá a universidade pretende ampliar suas instalações num custo de R$ 15 milhões e gerar 500 empregos. Agora imagem se pegarmos R$ 10 bilhões e investirmos em saneamento básico. Quantos empregos poderiam ser gerados e quanto retorno poderia resultar na saúde da população?, questionou.

continua após a publicidade

Sobre a política externa, Lessa afirmou que o ?governo Lula de maneira muito correta? colocou como grande prioridade de política externa as relações do continente sulamericano. ?E nesse caso não foi retórica. Eu dou até depoimento que no BNDES, estimulados pelo presidente e pelo Ministério de Relações Exteriores, procuramos apoiar o máximo de projetos que articulassem o Brasil com esses países. Para ser ter idéia, o Brasil está financiando hidrelétrica na Venezuela, gasoduto na Argentina. Por outro lado, em Pernambuco vai surgir uma refinaria nascida da cooperação entre a Petrobras e a Pedevesa?.