"Em 2005, o Paraná vai continuar crescendo e superando os bons resultados obtidos nos dois primeiros anos de governo. A política fiscal que implantamos deu uma base consistente para esse crescimento", disse o governador Roberto Requião, nesta segunda-feira, durante entrevista para a Rede Paranaense de Televisão.

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Segundo Requião, a isenção de imposto para microempresas e a diminuição do ICMS para as pequenas empresas, além da dilação do recolhimento do imposto para novos investimentos industriais, especialmente em regiões mais pobres, mostraram-se políticas acertadas. Atualmente, servem de referência para outros Estados.

O governador lembrou ainda que o Paraná tem a segunda menor tarifa de energia elétrica do país, já que o aumento de 25% autorizado pela Aneel não foi aplicado, mas transformado em desconto para o consumidor. Além disso, o governo está dilatando, por quatro anos, o recolhimento do ICMS para incentivar investimentos no interior.

Estradas

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Requião afirmou que até o fim do governo, 95% das estradas paranaenses estarão em condições ótimas de tráfego, recuperadas pelo maior programa de obras viárias já realizado no Paraná, utilizando R$ 350 milhões, neste ano, que podem ainda chegar a R$ 450 milhões, e R$ 400 milhões, em 2006. "As estradas vão ser zeradas e vão ficar tão boas quanto as deixei na minha administração anterior", disse.

Para provar que o pedágio cobrado hoje é exorbitante, o governador anunciou a implantação de um pedágio estadual no trecho de 220 quilômetros entre Francisco Alves e Maringá, na região Noroeste do Estado. "Vamos provar que o pedágio de manutenção é viável e que pode funcionar bem, cobrando apenas o equivalente a cerca de 20% do que é cobrado pelas concessionárias que administram as praças de pedágio no Estado", disse o governador.

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Estudo feito pelo DER atesta que um caminhão de 7 eixos gastaria apenas R$ 18,20 de tarifa de pedágio, com um custo de R$ 0,08 por quilômetro, em vez de R$ 109,20 para percorrer um trecho semelhante, como o de Maringá a Cascavel, administrado pela concessionária Viapar, a um custo de 0,42 reais por quilômetro. Na praça de pedágio estadual, também de acordo com esse estudo do DER, poderá ser cobrada a tarifa de R$ 2,00 para carros de passeio e de R$ 1,30 por eixo para os caminhões. As motos vão estar isentas de pagamento.

No modelo proposto, serão feitos investimentos em melhorias de capacidade da estrada, como duplicação, construção de terceira faixa, ampliação e interseção, custeados, quando necessários, por recursos do Estado. E também será oferecido serviço de assistência ao usuário, inclusive nos casos de acidente, por meio de convênio com o Corpo de Bombeiros.

Requião garantiu que vai continuar negociando com as concessionárias, como fez com a Caminhos do Paraná e com a Rodovia das Cataratas, e que vai tomar as medidas necessárias com relação às outras empresas, como é o caso da Rodonorte, que está com o processo de decadência em andamento. "Até o governo federal está implantando este modelo de manutenção. Esta não é uma briga minha, mas é da nossa economia, da sociedade inteira, e eu não vou afrouxar", garantiu o governador.

O governador também criticou o posicionamento de setores da mídia, que comemoram quando uma decisão judicial é dada em favor das concessionárias de pedágios. "Essa derrota não é minha. É de todos os paranaenses. É aquela velha história de contratos que devem ser respeitados. Mas como respeitar contratos absurdos, como esses feitos pelo governo passado?", questionou Requião.

Política

Ao ser questionado sobre a aliança com o PT, Requião disse que continua apoiando políticas que atendam os interesses dos brasileiros, e que discorda do caminho econômico traçado pelo ministro Antônio Palocci e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. "O PT adotou uma política neoliberal, e eu tenho esperança que o Lula a abandone, pois nós não somos um mercado, sem tempo nem história, somos uma nação", disse o governador. "O Lula não vai poder dizer que ninguém o advertiu. Já vi isso antes. Festejaram o sucesso de Fernando Henrique Cardoso e depois tudo explodiu", continuou.

Requião também lembrou que, apesar da política neoliberal do governo federal, o Paraná conseguiu, com uma política de redução de impostos, dar base para a criação de 75 mil novas empresas nos dois últimos anos, segundo dados da Junta Comercial. "O Paraná criou 240 mil novos empregos com carteira assinada nos últimos dois anos. Isso significa 700 mil novos postos de trabalho, se considerarmos o índice adotado pelo IBGE, pelo qual, para cada emprego formal criado, outros 3,3 informais surgem".

Transgênicos

Com relação aos transgênicos, o governador manteve sua posição em favor da soja tradicional. "É uma roubada para o Paraná e para o país plantar soja geneticamente modificada", avaliou. Ele lembra que os transgênicos interessam somente à Monsanto, que receberia os royalties pela venda do produto. "O segredo do nosso sucesso foi o espaço aberto pelos Estados Unidos, que tiveram uma queda de 41,5% nas exportações da soja", relatou.

Ainda segundo o governador, se o Brasil passasse a plantar soja transgênica, iria perder mercado, pois não poderia competir em igualdade de condições com os Estados Unidos, que subsidia o produto. "Quando eu estava no Senado, denunciei que estavam pagando produtores para que não plantassem mais soja. Como havia excesso do produto naquela época, quem comprava levava em conta a qualidade".

Segundo dados do Ministério da Agricultura, a produtividade média americana, que planta predominantemente soja transgênica, foi de 2.538 quilos por hectare, entre os anos de 1995 e 2001. Já os agricultores paranaenses produzem em média de 3.000 quilos por hectare de soja tradicional e a produtividade chega a 3.471 quilos por hectare na região Sudoeste, conforme números da safra 2003/2004, período em que o Paraná foi atingido por uma grande estiagem. No Rio Grande do Sul, que também planta soja transgênica, a produtividade média é de 1.400 quilos de soja transgênica por hectare.