Repúdio popular

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, autêntico fiador da cláusula de confiança até aqui desfrutada pelo governo federal, assume a espinhosa função de transmitir aos meios econômicos e financeiros do País que não há ameaça visível à segurança do mercado, mesmo diante da investigação das impropriedades cometidas à sombra do governo Lula.

O ministro fez questão de ressaltar que a crise é política e deverá se circunscrever a essa esfera, vendo na apuração das responsabilidades um excelente serviço prestado à sociedade. Inflexível na defesa da ortodoxia econômica segundo moldes estabelecidos pelas instituições internacionais, Palocci sustenta que os fundamentos da economia brasileira, que estão firmes, não serão abalados e deverão melhorar ainda mais.

O otimismo do ministro da Fazenda é item destacado de sua agenda nessa quadra de crise estabelecida. Confiar na atuação da Justiça e do Congresso, diz ele, instâncias legítimas para a apuração dos atos ilícitos atribuídos a personagens da política e dos negócios, é admitir o amadurecimento da democracia brasileira para tratar, inclusive, de assuntos desse jaez.

Não obstante a aparente tranqüilidade do ministro, setores relevantes do governo mostram-se apreensivos quanto ao desenrolar dos fatos e não escondem o sentimento de divisão reinante nas esferas superiores da administração federal.

Responsável pelas instituições e pela garantia da prestação de serviços indelegáveis, o governo não pode abrir mão de nenhuma de suas funções, sob pena de enfrentar o maior de todos os ônus: o repúdio popular.

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