Representantes de vários setores da sociedade brasileira cobraram, nesta quinta-feira, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma postura firme diante da crise política, a punição dos culpados e retomada dos projetos do governo. Embora tenham deixado claro o apoio a Lula, todos foram enfáticos sobre a necessidade de o presidente reagir à crise.
"O seu governo é maior que essas pessoas e sua trajetória é maior que seu governo", afirmou o representante da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Waldemar Verdi Junior. As manifestações ocorreram durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no Palácio do Planalto, minutos antes do discurso do presidente.
"A saúde da economia não é garantia de estabilidade, muito menos de sustentabilidade", disse Ricardo Young, representante do Instituto Ethos no Conselho. "Os que erraram têm que pagar. Vossa Excelência não está sozinho. O País clama pela sua ação e estará unido para apoiá-lo", completou. Young pediu a Lula que "assuma as rédeas da Nação sem receio e com determinação".
Segundo ele, não é hora de recuar. "Vá fundo, presidente, no combate à corrupção e à impunidade", exortou. "A democracia chora diante da falta de ação e dos acontecimentos, porque os oportunistas nos colocaram reféns do que há de pior no sistema brasileiro", completou.
O representante da Fenabrave leu um manifesto pedindo às lideranças do Congresso que, paralelamente às investigações, retomem o ritmo normal de funcionamento da Câmara e do Senado. "Com isto, ficará demonstrado que o Brasil é maior do que a crise política." Ele disse que o CDES também recomenda a aprovação de uma reforma política.
Para o representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Demétrio Valentini, o governo Lula tem direito a um habeas-corpus político. "Não só para resguardá-lo de condenações imerecidas, mas sobretudo para garantir condições de governar de acordo com o mandato constitucional que a cidadania lhe concedeu". Segundo ele, o País está saturado da "espetacularização" da política.
"A situação se agrava pelo denuncismo exasperado, com evidentes intentos de desestabilizar o governo e inviabilizar suas funções administrativas. O governo não pode se sentir acuado. É hora de reverter a situação", defendeu.
Na linha dos demais conselheiros que discursaram, o representante do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, Jorge Nazareno Rodrigues, pediu ao presidente que não abandone o sonho de todos aqueles que acreditaram na sua bandeira. Ele sugeriu ao presidente que retome a sua trajetória e que haja punição a todos os corruptos e corruptores. O sindicalista sugeriu a Lula que convoque as centrais sindicais para uma reunião, na qual seria traçada uma agenda mínima de trabalho.
"Convoque aqueles que sonharam ao seu lado para construir o futuro deste país. A hora é esta. Vamos virar o jogo, companheiro presidente", afirmou o sindicalista.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou durante a reunião do CDES que "é importante nesta conjuntura que estamos passando ter uma agenda para o desenvolvimento". Ela disse que o Brasil já teve projetos de desenvolvimento, no passado, que contribuíram para diversificar a economia, mas não foram capazes de acabar com "as nossas fragilidades estruturais".
Dilma afirmou que vê hoje todas as condições para um gerar um círculo Virtuoso no País com duas vertentes: uma do crescimento econômico sustentável, e outra de inclusão social.