Brasília – O relator da CPI Mista dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), diz no seu relatório parcial sobre o chamado escândalo do mensalão que, dos empréstimos bancários de R$ 55,3 milhões que o empresário Marcos Valério afirma ter feito para repassar ao PT, há uma diferença de caixa de R$ 3,473 milhões. Além disso, a SMPB – empresa de Valério – teria emprestado o dinheiro ao PT sem definir prazo de pagamento e a juros muito inferiores aos cobrados pelos bancos. "A contabilidade das agências de Marcos Valério não merece crédito, por se valer de 80.000 notas fiscais falsas e não ter registro de operações realizadas entre 1998 e 2002."
O relatório de Serraglio diz ainda que, apesar do valor do empréstimo declarado por Valério, não há contrato assinado entre a SMPB e o PT, e os empréstimos das agências do empresário foram renovados sem o pagamento de encargos bancários. O documento afirma também que os beneficiários do chamado valerioduto fizeram saques no Banco Rural antes mesmo da formalização do primeiro empréstimo, em fevereiro de 2003.
O relator Serraglio disse que, segundo documentos apresentados por Marcos Valério, no período de 7 de outubro de 2003 a 24 de maio de 2005, a DNA retirou dos recursos recebidos da Visanet o total de R$ 6,4 milhões a título de comissão por serviços prestados. Ainda em relação à Visanet, o Banco do Brasil, na condição de gestor dos recursos repassados à DNA – empresa de Valério – afirma que R$ 9 milhões estão pendentes de prestação de contas. O repasse de recursos da Visanet para as empresas de Valério surpreendeu a CPI, segundo Serraglio. Chamou atenção o fato de o Banco do Brasil não realizar controle dos serviços que deveriam ser feitos pela empresa de publicidade DNA com o dinheiro que recebeu antecipadamente.
Segundo o deputado, não houve acompanhamento dos desembolsos e, de 2003 a 2004, há falta de documentos relativos a R$ 23,2 milhões recebidos da Visanet. Serraglio considerou estranha a falta de definição de competência dentro do próprio BB nesse período. "As ordens eram pulverizadas dentro de uma empresa desse porte, como o Banco do Brasil", afirmou.
"Não há nada que indique as necessidades dos repasses, sendo também genérica a execução dos serviços", completou o relator. Ele explicou ainda que não há justificativa para o uso do montante de R$ 35 milhões que a Visanet antecipou para a DNA em 12 de março de 2004. "As notas fiscais são de R$ 35 milhões e não dos serviços que internalizam esses recursos", ironizou. O relator se surpreendeu com o fato de o BB antecipar recursos para a empresa. "E se essa firma falisse no dia seguinte?", perguntou Serraglio, ressaltando que os próprios auditores do BB que estão dando assistência técnica à CPI, se surpreenderam com o descontrole na destinação dos recursos da Visanet.
