A preocupação absorvente do presidente Lula, nos próximos dias, é a reorganização do primeiro escalão do governo num molde suscetível de atrair o apoio do PMDB, depois do descarte obrigatório de PTB, PP e PL, partidos que se comprometeram a integrar a base de apoio parlamentar, mas acabaram trabalhando para colocar o governo numa posição altamente indigesta.
Autorizados pelo presidente, auxiliares muito próximos estariam também conversando com políticos importantes do PSDB e PFL, em busca de alternativas capazes de sustentar um diálogo promissor entre as partes, com vistas a alcançar relativa acomodação das potencialidades de um conflito perigoso.
Em ocasiões ainda recentes, essa acomodação de antagonismos passíveis de acirramento atendeu pelo nome de governabilidade, e é o elemento que se procura agora com o desvelo estimulado pela antevéspera da situação irrecorrível.
Ao PMDB, o presidente oferece nada menos que quatro ministérios, um deles cujo titular deverá ser indicado pelo senador José Sarney, talvez o único político brasileiro – além do próprio Lula – a privar da prerrogativa de nomear ministro de Estado.
Por outro lado, o presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer, defende a idéia de consulta às instâncias partidárias reunidas em convenção especial, retardando em mais alguns dias uma reforma ministerial dificultada pelo emaranhado em que se encalacrou o governo.
O presidente da República está diante da necessidade de rearmar uma equipe de auxiliares diretos, abrindo mão de políticos de seu próprio partido, capaz de impor-se pelos méritos indiscutíveis de seus componentes e pelo aporte de seriedade, capacidade de trabalho e competência comprovada.
Não é tarefa das mais fáceis, mesmo porque muitos técnicos reconhecidos em sua área de especialização, portadores de imenso cabedal de realizações, não se mostram interessados a ingressar no governo, tendo em vista os reincidentes fatores que geram instabilidade na gerência dos projetos e a descontinuidade dos mesmos.
