Os novos empregos com carteira assinada criados no primeiro trimestre do ano, premiando alguns milhares de brasileiros, apresentam uma característica não auspiciosa. A média dos salários desses empregados não passa dos R$ 360, ou seja, apenas R$ 60 acima do salário mínimo atual. A informação foi extraída do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Na verdade, a observação se estende por todo o período do governo Lula, tendo em vista que entre janeiro de 2003 e março de 2005, dos 2,460 milhões de novas vagas abertas no mercado de trabalho, 67% estão situadas na faixa salarial de 1 a 1,5 salário mínimo. Em dois anos e meio de governo, quase 700 mil vagas com remuneração superior a três salários mínimos foram extintas.
Ainda está distante da realidade a política nacional de empregos e recuperação dos rendimentos dos trabalhadores, conforme aventava Lula em seu discurso de campanha. Lacuna dificilmente compreendida pelos milhões de desempregados, em última análise, punidos pelo fracasso de um modelo sobre o qual não têm responsabilidade.
O saldo lamentável é o seguinte: aos que conseguem emprego hoje, no Brasil, não há alternativa, são obrigados a contentar-se com um salário aquém das necessidades básicas.