O ano de 2008 trará uma recompensa para o produtor que sempre apostou no potencial da atividade agropecuária. De acordo com a coordenação de planejamento estratégico do Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa), a renda denominada ?da porteira para dentro?, levando em consideração os 20 principais produtos cultivados no País, deverá atingir a cifra de R$ 140,5 bilhões.
As estimativas do Mapa, anunciadas por José Garcia Gasques, coordenador de planejamento estratégico, comportam um aumento de 12,8% na comparação com os números referentes ao desempenho agropecuário do ano passado. A confirmação dos dados estimados, embora se deva avaliar o risco de mudanças repentinas determinadas pelo clima e outros fatores conjunturais, permitirá à produção rural brasileira o estabelecimento de um novo recorde.
Gasques disse ao jornal Valor Econômico que a maior receita até agora obtida ocorreu no ano de 2003, com R$ 133,4 bilhões. Nos três anos seguintes os registros indicam visível retração, recuperando-se o setor em 2007. Os parâmetros utilizados pelos técnicos no Mapa para a enunciação das estimativas procedem dos levantamentos de safra realizados periodicamente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Numa repetição dos excelentes resultados obtidos em 2003, a ponta-de-lança do avanço estimado para o presente ano agrícola voltou a ser a soja, tendo em vista a elevação dos preços nos mercados interno e mundial. Esse foi o fator que mais contribuiu para a decisão de plantio da oleaginosa, que deverá render aos produtores na safra 2007/08 algo em torno de R$ 37,7 bilhões, ou 20,4% acima do montante global apurado no exercício anterior.
O segundo melhor resultado entre as culturas de maior receita em 2008 virá do milho, depois de três anos em que o produto não apareceu com tamanho destaque econômico. Na realidade, esse foi o produto agrícola que experimentou as maiores altas nas cotações puxadas pela intensa demanda internacional.
Esse produto passou a ser um dos itens mais importantes da pauta de exportações do Brasil, devido à grande procura por matéria-prima para a produção de biocombustíveis e fontes de nutrição para consumidores asiáticos, devendo render R$ 24,4 bilhões para o produtor, 33,9% a mais que a receita total de 2007. No cenário de bons augúrios financeiros para o setor primário, a maior parcela ficará com os grandes produtores de grãos de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul.