Num artigo na revista Mundo e Missão de novembro 2003, pág. 10, n.º 77, traz um artigo intitulado “O renascimento da fé nos Estados Unidos”. O artigo começa falando que as pessoas deparam nos metrôs e ônibus pessoas lendo a bíblia sagrada durante o dia e mesmo à noite. É apenas a ponta do iceberg que mostra o surgimento de uma fé presente na vida do povo americano. Desde o atentado do 11 de setembro de 2001 as pessoas estão percebendo que não são assim tão fortes e que é possível serem atingidos a qualquer momento. Até esta data os americanos pensavam que eram inatingíveis por qualquer inimigo exterior e que estavam em total segurança. Bastava para eles o dinheiro e boa colocação na bolsa de valores e era apenas desfrutar a vida e sua riqueza. Mas tudo isto mundo de uma hora para outra. Deus começa a fazer parte de suas vidas e com isto cresce a fé num ser superior.
A bíblia tornou-se o livro mais vendido e mais lido pelo povo americano. O comércio de músicas sacras e livros religiosos, tornou-se um alto negócio nos últimos tempos. Este comércio sacro está ligado ao mesmo tempo ao aumento de espiritualidade do New Age, inscrições nos curso de ioga, dum patriotismo exagerado, onde mesmo a causa militar se confunde com a causa de Deus. Se pergunta em que Deus acreditam os americanos. “A impressão geral é que o fato de crer seja mais importante do que “em que” e “como crer”, e que o maciço retorno do sentimento religioso é acompanhado pela permanente ignorância de cultura teológica, de distinção doutrinal, de conhecimento dos fatos históricos que estruturam e dão força a cada religiosidade. Alguns dados podem iluminar estas considerações. De fato, parece que 54% dos americanos se declaram “religiosos”, enquanto 30% prefiram se definir como “espirituais”. Por outro lado, 82% se declaram de religião cristã, 10% pertencem a outras crenças não-cristãs e só 8% se declaram “ateus” ou “agnósticos”. Mas, ser cristão nos Estados Unidos significa fazer parte de uma variada gama de Igrejas, seitas e congregações são registradas oficialmente 1.350 igrejas diferentes ou religiões. Não é exigida permissão especial para fundar uma Igreja e as congregações são isentas de impostos.” (Mundo e missão, n.º 77, pág. 10).
Mas, há um declínio grande das religiões tradicionais como as Igrejas protestantes tradicionais: assim a Igreja episcopal (anglicanos da América) tinham em 1960, 3 milhões de adeptos e hoje contam apenas com 2 milhões. A mesma tendência acontece com a Igreja Metodista e Presbiteriana. A Igreja Batista cresceu de 10 milhões de fiéis em 1960 para 17 milhões em 2000. A religião dos Mórmons está crescendo nos Estados Unidos. Também as congregações pentecostais tem aumento de féis.
A grave crise que se abateu sobre a Igreja Católica com as acusações de pedofilia de alguns de seus membros abalou um pouco a sua estrutura e credibilidade. Para os americanos dizer que são 53% religiosos significa agir em conformidade com os princípios de sua religião. Para 33% significa sentir-se diante da presença de Deus e para 5% a religiosidade consiste na frequência aos serviços religiosos nas igrejas.
“Este país nasceu como uma tentativa de conciliar vida religiosa e vida civil, mais ainda, como uma demonstração de que não existe contradição entre fé e democracia. Nos Estados Unidos, cada religião é bem aceita, contanto que não coloque em discussão os valores da liberdade e o primado do indivíduo, sobre o qual se fundamenta a convivência político- social. Por outro lado, trata-se de uma democracia que se inspira na fé no Deus único e transcendente, o Deus que os puritanos padres fundadores sabiam ser a única autoridade sobe a qual deve se apoiar a lei. Aquela lei que, nos Estados Unidos, é realmente igual para todos, independentemente da Igreja a que se é filiado e do dinheiro que se tenha no banco.” (Mundo e missão, n.º 77, pág.11). Percebe-se um aumento de fé no povo americano nos últimos anos.
Natalício José Weschenfelder (paroquiasrita@wmail.com.br) é pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia de Marmeleiro e da Reitoria de Flor da Serra do Sul.