Renan por um fio

A continuidade do mandato do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ao que parece, está por um fio. Na próxima semana, o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), deverá submeter ao plenário o segundo pedido de cassação do mandato de Renan, aprovado pelo Conselho de Ética por 11 votos a três, na última quarta-feira.

Como se sabe, Renan foi absolvido no primeiro pedido de perda do mandato, na famigerada sessão secreta em que por poucos votos a maioria rejeitou a acusação de que o presidente da instituição utilizara recursos financeiros repassados por uma empreiteira de obras públicas a fim de efetuar o pagamento da pensão alimentícia de sua filha de três anos, com a jornalista Mônica Veloso.

O Conselho de Ética aprovou o relatório do senador Jefferson Peres (PDT-AM), que apresentou fartos indícios da participação direta do senador alagoano na compra de duas emissoras de rádio e um jornal em sociedade com o usineiro e hoje inimigo figadal João Lyra.

A acusação por quebra de decoro baseou-se no fato de Renan ter utilizado ?laranjas? para não figurar na composição societária, evitando o risco de constrangimentos políticos. Da mesma forma como se desnudou a questão das notas frias visando justificar a comercialização de bovinos criados em suas propriedades no interior de Alagoas e convencer os senadores da posse de recursos suficientes para pagar a pensão, sem recorrer a lobistas, Renan não conseguiu se desvencilhar das evidências que o apontam como um dos proprietários dos veículos de comunicação.

O relatório de Peres foi categórico em reafirmar o depoimento do usineiro João Lyra, sócio de Renan na aquisição das emissoras de rádio e do jornal por intermédio de ?laranjas?. Na época da compra (1998), Renan era ministro da Justiça do governo FHC, sendo a negociação acertada no próprio gabinete ministerial, atitude classificada pelo relator como utilização de cargo público em benefício pessoal ou para ajudar amigos.

A perda do mandato necessita de 41 votos a favor e dos 53 componentes da base aliada provavelmente muitos votarão contra Renan, a exemplo dos petistas do Conselho de Ética – Augusto Botelho (RO), Eduardo Suplicy (SP) e João Pedro (AM) -, bem como inúmeros outros governistas agastados com a arrogância oriunda do Planalto. Se perder o mandato, Renan ficará inelegível até 2019. Fiel integrante da brigada renanzista, o senador Almeida Lima choramingou que votar pela cassação ?é condenar Renan à pena de morte?.

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