Renan no precipício

Um simples caso de pagamento de pensão alimentícia, na verdade, não questionado no mérito de ser ou não pago na data estabelecida de comum acordo pelas partes, acabou chegando ao Supremo Tribunal Federal (STF), transformado em grossa colcha de atos condenáveis, adensada por um fluxo de novos indícios ao longo das últimas semanas.

Na voragem da onda debate-se o desmoralizado senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, ao que parece, em processo de abandono até mesmo pelos aliados de primeira hora, sobre quem acabou se estratificando a abominável pecha de enriquecimento ilícito.

Esse, aliás, é o fundamento jurídico do pedido de abertura de inquérito contra o senador, encaminhado à mais alta corte de Justiça do País pela Procuradoria Geral da República. A primeira medida foi a quebra do sigilo bancário de sua excelência.

A questão levantada em maio pela revista Veja, afirmando que Renan pagava a pensão alimentícia da filha fora do casamento com dinheiro fornecido pela empreiteira Mendes Júnior, mediante a interveniência benevolente do amigo e lobista da citada empresa Cláudio Gontijo, deu no que deu.

Renan fez das tripas coração para provar a posse de recursos próprios para pagar a pensão, dizendo a princípio tratar-se de ganhos agropecuários determinados pelo excelente nível tecnológico de suas fazendas no interior alagoano, até aquele momento desconhecido, inclusive, pela secretaria estadual do setor.

Os argumentos de Renan caíram em ridículo atroz, quando alguns dos compradores das reses criadas nas fazendas de Murici confessaram não ter poder aquisitivo para realizar negócios do vulto desenhado pelo presidente do Senado. A questão está sendo periciada pela Polícia Federal, a pedido da mesa diretora do Senado.

Não bastassem as agruras que rondam o político nordestino, a mesma revista despejou sobre ele a pá de cal, ao contar detalhes da compra – com dinheiro não declarado – de um jornal e duas emissoras de rádio em Alagoas, em sociedade mais tarde desfeita com o empresário João Lyra, ex-sogro de Pedro Collor, o primeiro a assoprar contra o castelo de cartas erguido pelo irmão maior.

Renan estava lá, mas infelizmente não aprendeu a lição…

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