O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta segunda-feira (30) que cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a iniciativa de "desenhar o novo modelo de sustentação política" para o segundo mandato. Menos de 24 horas depois de anunciada a vitória de Lula no entanto, ele advertiu que os erros do passado não podem ser repetidos e deixou claro que, mais do que cargos nos ministérios o PMDB quer participar das decisões do segundo governo.
"Eu defendo uma coalizão de governo, mas uma coalizão na prática e não apenas na retórica", afirmou Renan, ao cobrar "que se dê aos partidos que participam dela espaço na discussão e formulação das políticas públicas, e não meramente na administração". Ao mesmo tempo, porém, Renan anunciou que está disposto a apoiar "qualquer movimento" do presidente para ampliar a interlocução com o Congresso, e que trabalhará para aproximar todas as correntes do PMDB.
"O momento é de ciscar para dentro. O partido saiu vitorioso das eleições, mas é preciso ter humildade e saber da responsabilidade que significa exercer o papel estratégico da governabilidade", observou o senador. Ele garantiu que seu PMDB está disposto a cumprir seu papel, dando estabilidade política ao governo e que o partido "não quer nem exige nada para isto". Lembrou, inclusive, que foi assim que o PMDB se comportou no primeiro ano do governo Lula.
Renan defende a tese de que a coalizão pode se dar em duas frentes: reunindo setores mais semelhantes do ponto de vista programático para o preenchimento dos cargos nos ministérios, ou uma coalizão parlamentar, construída em torno de uma agenda de interesse do País. O senador disse que prefere este segundo modelo, a partir de uma agenda de projetos que vão além dos interesses do governo e que, por isto mesmo, podem ser votados com o apoio de setores da oposição.
"Não dá mais para conviver com muita coisa no Brasil, inclusive com esse sistema representativo que apodreceu", avaliou o presidente do Senado. A seu ver, o governo terá que ajudar nisto e priorizar as mudanças. Caso contrário, advertiu, "acabará enfrentando cinco, seis CPIs por semestre, por conta das falhas no sistema de representação". Além da reforma política "que não pode esperar", a agenda sugerida por Renan inclui a votação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e da Lei Geral da Pequena e Micro Empresa, além da conclusão das reformas tributária e do Judiciário.