O Senado deve reeleger hoje Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência da Casa, mas a disputa com o líder do PFL, José Agripino (RN), promete ser apertada. Até os governistas que apostam no peemedebista admitem que, mesmo vitorioso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá ter mais dificuldades para aprovar matérias de seu interesse no Congresso. A legislatura que se inicia é uma das mais equilibradas quanto ao total de aliados do governo e os que estão na oposição, entre os 81 senadores.

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Renan acabou perdendo votos para o líder do PFL na reta final da campanha, por conta do carimbo de candidato do governo. Agripino se eleito, promete agir para assegurar a independência do Senado. Renan alega que o Congresso nunca foi evasivo na defesa de suas prerrogativas. Os adversários, porém, são unânimes quanto à necessidade de reduzir o uso de medidas provisórias e de avançar com as reformas tributária e política.

O apoio ao pefelista cresceu em cima das insatisfações pontuais com o governo e das mágoas eleitorais contra o PT. "Eu vim aqui para fazer parte de um bloco de oposição e não posso votar no candidato do governo", justificou o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), ao anunciar a dissidência

A 24 horas da eleição, Renan foi forçado a se reunir ontem de manhã com Agripino e a cúpula do PSDB, que fechara com seu adversário, para acertar um acordo de procedimento. Ficou acertado que o futuro comandante do Senado deverá convocar sessões do Congresso para apreciar os vetos presidenciais a projetos aprovados pelo Legislativo, o que praticamente não ocorreu nos últimos anos. "Também foi acertado que haverá mais equanimidade na distribuição de relatorias de projetos importantes", informou o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM).

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"A briga não é com o Renan. A oposição está fazendo uma disputa política com o governo", afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

Reunidos à tarde para tentar tirar uma candidatura de consenso, os cinco peemedebistas do bloco de oposição ao governo acabaram liberando o voto do grupo. A checagem revelou um racha: Jarbas e Garibaldi Alves (RN) estavam com Agripino; Joaquim Roriz (DF) e Geraldo Mesquita (AC) declararam apoio a Renan, enquanto Mão Santa (PI) dizia-se indeciso e Almeida Lima (SE), em negociação.

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Em meio à caça aos votos e à checagem final dos apoios de cada um, articuladores das candidaturas de Renan e Agripino acabaram chegando à mesma conclusão: como o voto é secreto, havia senadores que constavam da contabilidade de ambos.