Apesar de ter dito, em discurso no plenário do Senado na segunda-feira, que só usou ?recursos próprios? para pagar o aluguel e a pensão alimentícia da filha que teve com a jornalista Mônica Veloso, no valor de R$ 12 mil mensais, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), admitiu ontem que não dispõe de comprovantes dos pagamentos feitos antes do reconhecimento da paternidade – 21 de dezembro de 2005. Isso significa que ele não tem como desmentir que a empreiteira Mendes Júnior tenha pago essas despesas nos anos de 2004 e 2005 – o que complica sua situação no Conselho de Ética do Senado, que deve começar a analisar o caso nesta quarta. Na terça, o PSOL entrou com representação por quebra de decoro parlamentar.
Ao chegar ao Senado, Renan afirmou que não tem outros documentos para apresentar, além dos que exibiu na segunda-feira e pôs à disposição da imprensa ao discursar no plenário: ?Eu entreguei todos os meus documentos, declarações, absolutamente tudo. Encerrou.? O problema é que os documentos apresentados na segunda-feira também não têm comprovantes de pagamentos dele, com recursos próprios, do período anterior ao reconhecimento da paternidade, época em que Mônica recebia o dinheiro de Gontijo.
Segundo um dirigente partidário amigo de Renan, o presidente do Congresso guardou ?bons trunfos? para sustentar sua defesa. Diz o parlamentar aliado que são vários os documentos que comprovam a veracidade do discurso do presidente do Congresso, tanto no que se refere aos valores que ele declarou ter pago a Mônica Veloso, como no que diz respeito à origem do dinheiro.
O dirigente informa que toda essa documentação será repassada ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), mas alguns papéis serão tornados públicos até o fim da semana. A idéia é acionar o próprio advogado de Renan para exibir algumas dessas provas à imprensa na quinta.