Toda a atenção de reduzido grupo de servidores dos tribunais de Justiça nos estados nomeados para a função pelos vários graus de parentesco com juízes ou desembargadores, que os torna eventualmente mais privilegiados em relação aos demais cidadãos, está voltada para o Supremo Tribunal Federal (STF). O prazo para a demissão desses servidores vencia ontem.

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Ocorre que amanhã a suprema corte deverá se pronunciar sobre a constitucionalidade ou não da resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), exigindo a demissão dos servidores do Judiciário, se as nomeações forem caracterizadas pela prática ancestral do nepotismo. O ministro-relator Carlos Ayres Britto só adiantou ter estudado à exaustão os argumentos contra e a favor da resolução.

Por via das dúvidas, desde o anúncio da medida saneadora do CNJ, cerca de 400 parentes de juízes ou desembargadores buscaram a proteção de liminares – da própria Justiça -, a fim de garantir a permanência nos cargos de confiança.

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul optou por seguir a Constituição estadual que veda a nomeação de parentes até o segundo grau, ao passo que a determinação do conselho estendeu a abrangência para o terceiro grau.

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O presidente do TJ da Bahia, desembargador Benito Figueiredo, mandou expediente ao ministro Nelson Jobim, presidente do STF e CNJ, comunicando que não demitirá os cem parentes de juízes e desembargadores nomeados, até que o Supremo promulgue seu julgamento sobre a questão.

A resistência generalizada à medida, uma das primeiras a ser tomada sob a tutela do mecanismo de controle externo do Judiciário, rumorosa discussão que nos últimos tempos dividiu opiniões e acirrou ânimos nos círculos diretivos do citado poder, também se verificou no Maranhão e Piauí e, em parte, no Ceará, que até ontem havia dispensado os serviços de 78 servidores do TJ, metade do número de nomeados pela via das relações familiares.

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Os tribunais que não cumprirem a resolução do CNJ podem sofrer sanções disciplinares e administrativas, e a de maior impacto é a instauração de ação civil por improbidade administrativa.

A poderosa Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) está firme na decisão de exigir a exoneração de parentes nomeados pelos tribunais de Justiça, enfatizando que o combate ao nepotismo é bandeira antiga da instituição.