A inovação da empresa foi combinar as duas drogas em uma cápsula gelatinosa. A combinação facilita o dia-a-dia dos hipertensos, que muitas vezes precisam tomar três ou quatro remédios por dia. “A idéia é diminuir o número de comprimidos, o que aumenta a adesão ao tratamento”, diz Alonso. “Um dos grandes desafios do cardiologista é fazer o paciente tomar seus medicamentos corretamente.”
Para desenvolver a combinação, o Biosintética fez estudos com pacientes brasileiros de vários Estados, durante 3 anos, testando dosagens, reações e interações com outros medicamentos. “Levamos em conta características específicas dos pacientes cardíacos brasileiros, inclusive raças”, diz o gerente. No Rio Grande do Sul, por exemplo, havia maior ocorrência de enxaqueca como efeito colateral, enquanto no Nordeste a reação mais comum foi edema de tornozelo.
O medicamento foi lançado no início de 2001 e consumiu um investimento de US$ 3,5 milhões em pesquisa e desenvolvimento. Hoje, a droga fatura R$ 15 milhões ao ano no Brasil.
Para iniciar a exportação, a Biosintética teve de investir mais R$ 1 milhão em testes, documentação e registro do medicamento nos outros países. Todo o processo levou um ano e meio. A previsão de Alonso é exportar US$ 5 milhões nos primeiros três anos. Até o fim do ano, o Duopress vai começar a ser vendido também no Paquistão, Chile e Argentina.
Outros laboratórios também estão investindo nas drogas combinadas. A multinacional suíça Novartis possui no Brasil a linha Diovan de combate à hipertensão. A linha inclui três medicamentos que são combinações de duas substâncias: Diovan HCT Diovan Amlo e Diocomb SI. O Diovan Amlo já é exportado para a Venezuela.
A combinação de substâncias faz com que um único medicamento tenha duas funções. O Diocomb SI, por exemplo, além de combater a hipertensão com uma substância chamada valsartan, possui a sinvastatina, que reduz o colesterol. De acordo com o Ministério da Saúde, 40% dos brasileiros hipertensos também possuem colesterol elevado.
Em 2003, a linha Diovan registrou, no Brasil, receita de R$ 61,7 milhões. Desse total, 60% correspondem às vendas dos três medicamentos combinados. A empresa acredita que a combinação de substâncias traz vantagens para o usuário. O remédio fica mais barato, além de ser mais prático o uso de apenas um comprimido.
O laboratório brasileiro Libbs também fabrica uma combinação de duas substâncias para combater a hipertensão. Lançado em abril de 2003, o Naprix A foi desenvolvido no Brasil e é produzido e comercializado apenas no País. Não há planos para exportação
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