Relatório parcial da CPI dos Correios que será apresentado na quinta-feira (10), vai propor o indiciamento do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e o sub-relator de movimentação financeira, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), estudam também propor o indiciamento do ex-ministro Luiz Gushiken, que centralizou as contas de publicidade das empresas estatais durante o período em que comandou a Secretaria de Comunicação de Governo (Secom). Delúbio deverá ser indiciado por corrupção ativa e passiva e tráfico de influência e Marcos Valério por corrupção e peculato.
"Não há dúvida que o indiciamento de Delúblio e Marcos Valério é algo concreto. Também acho viável que o indiciamento de Gushiken seja pedido", afirmou hoje (7) o sub-relator-adjunto da comissão, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), que tem ajudado na elaboração do relatório parcial. Para Serraglio, Gushiken poderá sofrer algum tipo de punição caso fique comprovado que o ex-ministro tinha conhecimento do esquema descoberto pela CPI dos Correios, na semana passada, de desvio de R$ 10 milhões de dinheiro público do Banco do Brasil para conta da DNA, agência de Valério, no BB.
No relatório parcial, os envolvidos no esquema de corrupção operado por Marcos Valério deverão ser indiciados em, pelo menos, seis tipos de crime. Além de Delúbio e Valério, o relator e o sub-relator estudam propor
o indiciamento de outros ex-integrantes da cúpula do PT, como o ex-presidente José Genoino, que poderá ser denunciado ao Ministério Público por falsidade ideológica. Também poderão ser indiciados o publicitário Duda Mendonça, dirigentes de bancos e até responsáveis pelas estatais que firmaram contratos irregulares com as agências de Marcos Valério.
Delúbio, Sílvio Pereira, ex-secretário geral do PT, e Marcos Valério serão denunciados ao Ministério Público por crime de corrupção passiva e ativa. O publicitário Duda Mendonça, Marcos Valério e todas a pessoas que sacaram dinheiro de suas contas sem justificar para quem foram os recursos, poderão ser indiciados por crime contra a ordem tributária. No relatório parcial, também poderão ser indiciados por improbidade administrativa todos os responsáveis pelas estatais que firmaram contratos irregulares com as empresas de Marcos Valério.
No relatório, Serraglio e Fruet também pretendem apontar os crimes de cada um dos envolvidos no escândalo, como lavagem de dinheiro, formação da quadrilha, prevaricação, peculato e corrupção ativa e passiva. Os dois não têm dúvidas de que outras estatais, além do Banco do Brasil, também usaram método semelhante ao esquema feito pelo Banco do Brasil para repassar recursos para Marcos Valério. Tanto Serraglio quanto Fruet estimam ainda que o desvio de dinheiro público tenha sido superior aos R$ 10 milhões repassados pelo BB.